Resenha – Sob a Redoma, de Stephen King

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Sob a RedomaIsso não é um livro, é uma arma de destruição em massa. São quase 960 páginas que podem te levar ao êxtase literário ou a uma tremenda dor nas costas se você carregar Sob a Redoma, de Stephen King, para cima e para baixo no aconchegante metrô de São Paulo (se você nunca experimentou não sabe o que está perdendo :).

E antes de começar toda a minha explicação sobre a minha saga de dois meses para terminar esse pequenino enredo, já digo que não, eu não assisti o seriado. Confesso eu tentei. Quando estava lá pela página 600 fui ao Netflix (será que eu ganho uma assinatura vitalícia por essa citação?) e cliquei no play para conferir essa adaptação, mas parei no terceiro episódio da primeira temporada.

As mudanças feitas para a televisão foram tão drásticas que a minha curiosidade foi suplantada pela decepção. Resolvi ficar então somente com a obra literária e deixar a série para depois (quem sabe?).

Ninguém entra ou sai

Seriado baseado no livro já tem duas temporadas

Sob a Redoma conta a história de Chester’s Mill, uma cidadezinha do interior do Maine, nos Estados Unidos, que um belo dia se vê isolada do resto do mundo. Uma redoma invisível constituída de um material desconhecido cobre toda a cidade e impede que qualquer pessoa entre ou saia do município.

A situação obviamente leva pânico ao povo local que precisa lidar com uma situação completamente inusitada e impõe ao governo americano um desafio jamais visto. Os esforços para colocar um ponto final nesta situação precisam ser mútuos, mas é claro que quando você coloca tantos humanos em um espaço limitado, o resultado é imprevisível.

Como dei a entender lá em cima, este livro é um baita tomo e seu enredo trata de um acontecimento extremamente inusitado e complexo. Logo, para que a história engate é preciso percorrer mais de 200 páginas. Essa característica dá a impressão, principalmente no início, de que este é um livro de narrativa arrastada e cansativa.

Pequena, mas populosa

Stephen King
Obra leva a assinatura de Stephen King

Para piorar ainda mais a situação e reforçar a impressão de morosidade do enredo, a história tem muitos personagens. Eles são tantos que essas duas primeiras centenas de páginas servem principalmente para mostrar como o surgimento da redoma afetou os principais deles, pois mesmo depois de superada essa fase, vários outros surgem aqui e ali se apresentando para o leitor.

Essa característica me chamou a atenção, pois em várias resenhas blogueiros e vlogueiros me alertaram para não me apegar aos personagens, pois King não tinha a mínima compaixão para com eles ou com a vontade do leitor. Discordei completamente. No decorrer da leitura eu percebi que eu não conseguia me aproximar desses personagens. E aqueles que partiam, na verdade mal eram apresentados a mim e já dobravam o cabo da boa esperança (isso não é spoiler).

No entanto, percebi que a lentidão do início e essa quantidade de personagens na verdade compõe a história como um todo. O estilo de King é incrível, as diferentes perspectivas sobre um mesmo momento são te cativam com a riqueza de detalhes e ajudam o leitor a montar um grande quebra-cabeça. Fique atento, nenhum barulho, latido ou grito é atoa.

Do que se trata

Toda a história se passa em uma cidade do interior do Maine, Chester’s Mill

A redoma cria na verdade algo que pode ser considerado um “mega experimento”. Quando li o enredo, foi essa metáfora que veio na minha cabeça. Isolar uma população e ver o que acontece é quase igual a isolar um vírus, criar uma vacina e ver como ela funciona (posso estar falando uma puta baboseira aqui, me perdoem amigos cientistas).

O que quero dizer com tudo isso é que a redoma faz com que as características dos personagens sejam elevadas a potência máxima. Isso faz com que o jogo político, a corrupção, as relações humanas, o fanatismo religioso, a luta por ideais e, claro, a ditadura sejam os temas que tomam conta de Chester’s Mill durante as quase mil páginas que também envolvem ficção científica.

Aí, meu coração!

Quando eu estava convencido de que tinha acertado na escolha de leitura, mas no final de tudo não tinha sido um enredo que mexia com as minhas emoções , o grande final se apresentou a minha frente e neste momento eu entendi o que aqueles blogueiros e vlogueiros tinham falado sobre não se apegar a determinados personagens.

A conclusão dessa história é tão inimaginável (não estou falando do por que acontece, mas sim o que acontece) que me peguei torcendo, sofrendo e me emocionando por personagens que acompanhei durante toda a história e o mais impressionante, torcendo por alguém que tinha surgido nas últimas páginas como se o conhecesse desde sempre.

É tudo tão intenso que quando você chega a contracapa, sua vontade, mesmo depois de uma história muito longa, é saber mais e entender como aquilo seguiu e se aquilo seguiu de alguma maneira.

Um antiexemplo

Exibindo P_20150527_020739.jpg
Keep Calm and… meus 80 conto caralho

Gastei cerca de R$ 80 com esse volume pessoal. Sim, dói meu coração pensar nisso, mas eu o vi na livraria e eu precisava dele, então paguei o um preço extremamente salgado por ele. Por conta deste valor, acabei me decepcionando com as características físicas do livro.

Como objeto de decoração ele é algo extremamente lindo. A arte de capa e o trabalho de cores é incrível, porém fiquei fulo da vida quando, devido a correria do dia a dia e do espaçoso metrô de São Paulo, a capa dobrou criando uma baita orelha(isso na capa) e deixou o meu volume marcado para todo o sempre.

Desde antes do ocorrido, eu já havia questionado o material com o qual ela havia sido confeccionada. Muito molenga e frágil para um livro de quase 100 reais. Também por conta deste valor, me questionei sobre a necessidade de um volume único gigantesco em lugar de um box, simples, mas eficiente, com dois tomos menores.

Esgotados todos os meus tópicos, quero saber o que você que também leu Sob a Redoma achou deste livro. Converse com a gente pelos comentários ou pelas redes sociais. Logo mais a gente se vê!

Ficha catalográfica:

Título: Sob a Redoma

Título original: Under the Dome

Autor: Stephen King

Editora:  Suma de Letras

Páginas: 954

Onde comprar:

P.S: Aproveite para conferir as avaliações de cada quesito. É uma novidade aqui do site!

Veredito Capitulares

85%
85%
Muito Bom
  • Narração
    8
  • Desenvolvimento
    9
  • Clímax
    10
  • Edição
    7
  • User Ratings (1 Votes)
    9.1
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Jornalista formado desde 2013 – o tempo voa. O primeiro livro da minha vida foi “O Menino que Aprendeu a Ver”, de Ruth Rocha, em 1999. Enquanto a minha geração se aventurava com Harry Potter, a série que me conquistou para o mundo da leitura foi Deltora Quest, de Emily Rodda. Não tenho livro favorito, pois não consigo escolher e sempre tento variar os gêneros literários de uma leitura para a outra para abranger os mais variados temas possíveis.

2 Comentários

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