Resenha – Crenshaw: A Fome da Imaginação, de Katherine Applegate

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Setembro chegou e antes que ele termine, não podemos esquecer que esse mês é lembrado pela campanha de prevenção ao suicídio, mas muito além da campanha abordada, é importante ressaltar a qualidade de nossa saúde mental e a rede de apoio que devemos ter. Frente a isso, a dica de hoje, é sobre literatura infantil, mas que me fez repensar muito sobre a saúde mental de crianças e a importância de ser honesto com eles.

Crenshaw é a história de um garoto de 10 anos chamado Jackson, que ao perceber que a situação financeira dos seus pais os levaria a morar novamente em uma minivan, volta a ver seu amigo imaginário, Crenshaw, um gato gigante e cheio de personalidade.

Angústias e Crenshaw

Depois que somos apresentados a Crenshaw, a narrativa nos direciona a entender o reaparecimento do amigo imaginário, e de cara já nos deparamos com a fome. Jackson e sua irmã Robin brincam de enganar a fome com jogos para se distraírem. O menino que já está na fase de se questionar e ir atrás de respostas com justificativas científicas, aliás, ele é um menino que só acredita em fatos provados pela ciência, tenta entender o porquê de estar vendo seu amigo imaginário novamente, pois ele já é crescido e não deveria mais enxergá-lo.

Além da fome, Jackson se preocupa muito, em deixar seu lar para voltar a morar em uma minivan, com seus pais, a irmã e a cadela da família. O espaço será muito reduzido, sem conforto e enfrentando as dificuldades que é morar em um carro, pois foi assim que Crenshaw apareceu a primeira vez para o menino.

Nessa nova fase, Crenshaw diz para o menino, que só voltou a aparecer, pois ele precisa de sua ajuda, pois existem questões a serem resolvidas, que o garoto sabe bem o que são e que deve aceitar não só a ajuda, como o fato de estar o vendo novamente.

Conflito e Resolução

Quando Jackson vê todos os bens da família serem vendidos e a casa ser esvaziada, ele sabe que não há saída e é inevitável que eles vão voltar a morar em um carro. O menino compartilha com muita vergonha para a sua amiga, as dificuldades que vêm passando com sua família e assume estar vendo o amigo imaginário de quando era menor. A garota por sua vez o apoia nesta angústia e lhe dá um bom conselho sobre autoaceitação e aceitar o que está por vir.

Jackson, então, resolve ceder e acreditar que o amigo imaginário vai estar com ele nessa nova fase sombria e decide deixar seu lar, pois não quer passar por todo o desconforto e incertezas novamente. Após escrever um bilhete de despedida, explicando para seus pais o motivo de sair de casa, o garoto adormece e seus pais encontram o bilhete ao lado do menino, em meio a choros e explicações, os pais ouvem os protestos do menino e admitem a culpa prometendo não esconder nenhuma informação dele e inclui-lo nas decisões de família.

Considerações

A leitura é leve, fácil e rápida. Me surpreendi com um livro infantil trazer uma mensagem tão importante como saúde mental e participação das crianças no que tange aos problemas familiares, afinal, elas são tão atingidas quanto adultos. Além disso, gostei muito da demonstração de imaginação, de como as crianças a usam como uma válvula de escape do mundo real e transformador do seu dia a dia. Eu acho que a autora poderia ter explorado melhor o gato, pois ele ficou muito superficial e caricato, em alguns momentos era simplesmente um autoritário. O final foi fraco e ficou aberto para uma continuação, que eu sinceramente gostaria de ler, não pelo gato, mas pela próxima mensagem a ser passada pela autora.

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76%
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Merece continuação

São tempos difíceis para Jackson e sua família. O dinheiro para o aluguel acabou. E talvez não sobre nada para as compras do mês. Mais uma vez, seus pais, sua irmã e sua cachorrinha terão de deixar o prédio onde moram para viver em uma minivan.
Mas, pior do que a falta de dinheiro e as incertezas com relação ao futuro, é a mania dos pais de Jackson de tentarem encobrir os problemas. O garoto é jovem demais para entender a situação, é o que eles pensam. Na verdade, é o que todos pensam.
Todos, exceto Crenshaw.
Crenshaw é um gato… um gato gigante e imaginário. E é ele quem vai ajudar Jackson a encarar de frente a dura realidade. No início, o menino tenta rejeitá-lo como um mero produto de sua imaginação, afinal, quem aos dez anos ainda é capaz de ter amigos imaginários? Mas a sinceridade e a sabedoria do gato começam a ecoar em sua vida.
Ninguém precisa carregar o peso do mundo sobre os ombros, Jackson menos ainda. E o sarcástico Crenshaw é o companheiro que ele realmente precisa. Alguém imaginário o suficiente para lhe dizer algumas verdades.
Com uma narrativa elegante e comovente, Katherine Applegate trata com delicadeza de temas difíceis, como a pobreza e a fome.

  • Enredo
    6
  • Desenvolvimento
    7
  • Climax
    7
  • Edição
    10
  • Originalidade
    8
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Formada em fisioterapia e RH, eu tinha um ritmo frenético de leitura, hoje tô menos intensa e mais aberta a ler de tudo, mas que fique bem claro que meus gêneros favoritos continuam sendo romances e fantasias. Antes de descobrir o Skoob, anotava minhas leituras em um caderninho que tinha páginas especiais para essa informação, lá consta que meu primeiro livro foi ‘’Sangue, ossos e pedacinhos’’, do Nick Arnold, e logo em seguida ‘’Romeu e Julieta’’, de Willian Shakespeare. Assim, percebe-se a minha flutuação de gênero, desde sempre.

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