Resenha – Scott Pilgrim VS o Mundo – Volumes I, II e III, de Bryan Lee O’Malley

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Apesar de se tratar de um ícone dos quadrinhos, eu não tinha grandes expectativas para a série Scott Pilgrim. Sempre ouvi falar muito bem dessa série e cheguei a trabalhar com um grande fã dessa história, mas era sempre uma leitura postergada para mais tarde.

Este é um quadrinho canadense foi lançado em 2004 em seu país de origem, mas chegou ao Brasil apenas em 2010. Idealizado em seis volumes, a Companhia das Letras optou por trazer essa história em apenas três tomos, condensando cada dois livros originais em apenas uma HQ. No entanto, não há do que reclamar da edição física. As brochuras são muito bonitas e o trabalho gráfico é impecável.

Scott Pilgrim VS o Mundo

Todo o enredo gira em torno de Scott Pilgrim, um jovem adulto que parece que não quer crescer e tomar para si a responsabilidade de sua vida. Ele divide a casa com um amigo, mas é apenas isso. Scott não trabalha, não divide as despesas e ainda por cima usurpa tudo que pode do colega de quarto – inclusive dividindo a mesma cama com ele.

As coisas começam a mudar, entretanto, quando Ramona Flowers entra na vida do protagonista. Ele acaba por se apaixonar perdidamente pela garota e, para ficar com ela, acaba tendo que sair de sua zona de conforto. Entretanto, nada é instantâneo. Tudo se dá em um longo processo que ninguém sabe se realmente vai dar certo.

Entretanto, o relacionamento dos dois não agrada em nada outros personagens. Entre eles, os diversos ex-namorados de Ramona. Para que fiquem juntos é preciso que Scott derrote os Sete Ex-namorados do Mal da garota, uma espécie de liga de super-vilões. Além deles, Knives – a atual namorada adolescente de Scott – também não fica muito feliz com o desenrolar dos acontecimentos e parte para a ação.

Além deles, Knives – a atual namorada adolescente de Scott – também não fica muito feliz com o desenrolar dos acontecimentos e parte para a ação.

Narrativa que engaja

Muito dinâmica, a narrativa não cansa de maneira nenhuma o leitor. O traço é muito expressivo e transporta para as páginas o carisma que esbanjam todos os personagens dessa série. Os cortes são sim bruscos e o autor trabalha com muitas elipses.

É necessário que o leitor esteja atento para compreender todo o enredo, contudo, o bom humor é garantido. Você se pega rindo alto em várias passagens e a vontade de continuar lendo não passa.

Reduto nerd

É importante destacar também que Scott Pilgrim está cheio de referências pops e nerds, principalmente relacionadas à música e aos games. Confesso que sobre música sou um zero à esquerda e também não sou o mais entendido sobre games, mas até eu consegui pescar algumas referências, imagine você que deve ser um viciado nesses assuntos.

O autor consegue trabalhar bem alguns mistérios e predem a atenção do leitor que sempre quer ir para o próximo volume o mais rápido possível. Lembrando que essa é uma leitura super-rápida. Destravou a minha lista, pois peguei essa série na sequência de A Dança dos Dragões, que levei meses para concluir. Todavia, abra a cabeça. Você precisa comprar a premissa para se divertir.

Game over

Ao terminar o último volume, fiquei coma sensação de que eu li rápido de mais. Sobretudo a última batalha especificamente – acabei saindo com a sensação de que não aproveitei tanto. Como conclusão, acho que a história é uma reflexão sobre pessoas com dificuldade de se relacionar.

Ramona é claramente aquela pessoa que não se apega aos relacionamentos. Acaba sempre abandonando o barco até que encontra um namorado abusivo do qual não consegue se livrar. Scott é aquele que só olha para o próprio umbigo e acaba não percebendo que está sendo um babaca com suas namoradas ou amigos – tem um forte potencial para se tornar um namorado abusivo.

No entanto, o encontro desses dois personagens é o que faz crescer neles a vontade de vencer esses desafios e melhorar como pessoa. É muito legal. Tudo isso é contado com muito bom humor e sem a chatice que vemos em vários livros militantes de hoje em dia. Não é um quadrinho para crianças. O making of no final dessa edição sobre como o autor faz quadrinhos também é bem é muito interessante. Não percam!

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97%
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Excelente
  • Edição
    9
  • Narrativa
    9
  • Arte
    10
  • Enredo
    10
  • Desenvolvimento
    10
  • Originalidade
    10
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Felipe Paiuca

Jornalista formado desde 2013 – o tempo voa. O primeiro livro da minha vida foi “O Menino que Aprendeu a Ver”, de Ruth Rocha, em 1999. Enquanto a minha geração se aventurava com Harry Potter, a série que me conquistou para o mundo da leitura foi Deltora Quest, de Emily Rodda. Não tenho livro favorito, pois não consigo escolher e sempre tento variar os gêneros literários de uma leitura para a outra para abranger os mais variados temas possíveis.

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