Neste mês de outubro, marcado pelas histórias sombrias, lendas misteriosas e atmosferas de suspense que combinam perfeitamente com o Halloween, escolhi revisitar um clássico: O Fantasma da Ópera, escrito por Gaston Leroux e publicado em 1910.
A trama se passa na majestosa Ópera de Paris, palco de uma lenda urbana que atravessa gerações: a de um fantasma que habita os subterrâneos do teatro, manipula acontecimentos misteriosos e exerce um poder quase sobrenatural sobre o local e seus artistas. No centro dessa história estão Christine Daaé, uma jovem cantora, Raoul de Chagny, seu admirador, e Erik, o homem mascarado que se autoproclama o “Fantasma da Ópera”.
Dos palcos para as páginas
Minha expectativa ao iniciar a leitura era alta. Isso porque, muitos anos atrás, assisti ao musical no Teatro Abril, em São Paulo, e fiquei fascinado com a grandiosidade da produção. A premissa, a ambientação e a aura misteriosa me atraíram de imediato. No entanto, à medida que avancei no livro, percebi que a experiência literária foi bem diferente da teatral.
Apesar de achar interessante a história e toda a atmosfera criada, não consegui me sentir realmente fisgado. Em vários momentos, senti incredulidade diante dos acontecimentos, principalmente em relação a como o Fantasma conseguia viver escondido nos porões de um teatro imenso e circular por ali sem ser descoberto. Os longos trechos de descrições e caminhadas pelos subterrâneos me pareceram lentos e cansativos, tirando a fluidez da leitura.
Também não consegui me conectar profundamente com Christine e Raoul — personagens centrais que, para mim, ficaram distantes emocionalmente. Ainda assim, havia um interesse constante em entender quem era, de fato, o Fantasma, e por que ele vivia daquela forma.
Outro Quasimodo
Não há como não fazer paralelos entre O Fantasma da Ópera e O Corcunda de Notre Dame, a começar pela origem das duas histórias. Obras da literatura francesa, os livros trazem no centro de suas histórias personagens que se escondem da sociedade em edifícios monumentais da cidade de Paris. Além disso, todo o enredo se desenvolve ao redor de triângulos amorosos.
Essa semelhança toda foi o que de fato fez com que minhas expectativas crescessem muito antes da leitura. Acabei me decepcionando de certa forma. Enquanto a história de Quasimodo me prendeu do início ao fim, o Fantasma me deixou disperso.
Grandioso no teatro
Essa experiência me fez refletir sobre a diferença entre a obra literária e a montagem teatral. No musical, a grandiosidade da produção — os cenários, a música e os efeitos — cria uma atmosfera envolvente que, no livro, não senti da mesma forma. Acredito que a força da história está justamente na maneira como ela foi adaptada para o palco.
Além do musical, vale lembrar que a obra também ganhou destaque no cinema com o filme de 2004, dirigido por Joel Schumacher, que ampliou ainda mais a popularidade desse enredo gótico e sombrio.
Clima de Halloween
Apesar da experiência não tão boa, O Fantasma da Ópera é sim uma leitura perfeita para outubro. Com sua ambientação sombria, subterrâneos misteriosos, máscaras, sombras e uma figura trágica que mistura amor e terror, o livro dialoga diretamente com o espírito do Halloween. É uma história de mistério e escuridão, perfeita para este mês.
Minha nota pessoal para a obra, até aqui, é 3. Não pela falta de importância do livro — que é um clássico inegável —, mas porque, para mim, a leitura não fluiu como eu esperava. A força do Fantasma da Ópera está viva na cultura, na música e nos palcos… talvez mais do que nas páginas do romance original.
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