Resenha – A Revolução dos Bichos, de George Orwell

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Antes de falar sobre o livro em questão gostaria de deixar alguns pré-comentários. Primeiro, aqueles que leram este livro devem ter sentindo um calafrio percorrer a espinha, a semelhança com que o nosso mundo parece girar com o modelo apresentado no livro não deve ser mera coincidência. Segundo, nenhum animal foi ferido nessa resenha. E terceiro, mas não menos importante, cuidado com os porcos.

A fazenda dos bichos e George Orwell

Brincadeiras a parte, falaremos sobre a obra A Revolução dos Bichos, de George Orwell. Devo dizer que gosto muito do título original, Animal Farm, acho que facilmente uma mãe confundiria com algo infantil e compraria o livro para o seu filho que esta começando a ler. E é com este livro, após a segunda guerra mundial, que Eric ganhou a sua fama literária.

Eric Arthur Blair, vulgo George Orwell, nasceu em 1903, na cidade de Motihari, região da Índia. Sua família era da Inglaterra para onde retornou quando fez quatro anos. O livro A Revolução dos Bichos foi lançado em 1945, depois de Orwell passar por diversas experiências, como por exemplo: chegar a trabalhar só para ganhar o suficiente para o dia, em sua vida. Em determinado período foi gravemente ferido quando lutou numa milícia do POUM (Partido Operário de Unificação Marxista), o que foi decisivo para sua “conversão” ao socialismo democrático.

Outras obras foram escritas por Orwell. Uma delas é 1984, que já apareceu em um Eu Indico, aqui no Capitulares. Confira aqui

Abaixo os homens e “viva os animais”

O enredo do livro pode parecer engraçado, por sinal o humor é algo presente na obra de Orwell, mas a alegoria não deixa de apresentar muitos assuntos de teor mais denso. O que quero dizer com denso? Falar sobre política e comportamento humano nunca é simples, o período político discutido de uma forma clara e satírica conclama por toda a atenção, mesmo daqueles que não são ligados nesse tipo de assunto.

O comportamento humano, que na maioria dos casos é retratado nos animais da fazenda, é bem estruturado na obra de Orwell, principalmente quando se referia as mudanças causadas pelo poder. Os porcos são os que demonstram essas maiores alterações, a ponto de se aproximarem em atitudes aos humanos. Mas vamos com calma.

Em geral a trama gira em torno da ascensão e “queda” dos animais de uma fazenda da Inglaterra. Tudo começando com uma ilustre frase dita por um porco ancião: “Eu tive um sonho”. Seguido por um discurso de igualdade social para os animais e a declaração sobre quem é o real inimigo, que por sinal conhecemos muito bem, o homem. Com direito a uma bem sucedida revolução e culminando no retorno de um ditador. Uma ótima obra para entender qual a situação da época na visão de George Orwell.

“Então, camaradas, qual é a natureza da nossa vida? Enfrentemos a realidade: nossa vida é miserável, trabalhosa e curta. Nascemos, recebemos o mínimo de alimento necessário para continuar respirando e os que podem trabalhar são forçados a fazê-lo até a última parcela de suas forças; no instante em que nossa utilidade acaba, trucidam-nos com hedionda crueldade.” – Major, o porco ancião.

Personagens bem definidos

Apesar de alguns homens (humanos) na obra, o destaque fica realmente com os animais. O dono da Fazenda do Solar, Sr. Jones, tem dois momentos de relevância para a história. Mas nenhum deles tem uma personalidade aprofundada. o que não é um problema, já que ele é alguém apenas para mostrar a ascensão dos bichos e revelar alguns vícios da humanidade.

Os animais são a verdadeira estrela do livro. Começando com os porcos que são a chave para a revolução. O velho Major, que dá o empurrão inicial na derrocada dos bichos, tem um discurso motivador e de incitação misturando sonho, liberdade e igualdade (pelo menos entre os animais) que não pude deixar de lembrar do famoso discurso “I have a dream”, de Martin Luther King Jr, mas ficou só na impressão.

Bola-de-Neve e Napoleão são os dois porcos encarregados de conduzir os animais da Fazenda dos Bichos (antes Fazenda do Solar) para um período de liberdade, igualdade e prosperidade. Os dois estão sempre em desacordo, o que sempre leva a debates acalorados entre os líderes. Isso acaba levando a uma cisma entre os personagens.

Garganta também é um porco de grande importância, bom de lábia e fácil em convencer os outros animais a ficar sempre do lado de Napoleão. Importante para a trama de um futuro ditador.

Os outros animais da obra também são de extrema importância, sempre mostrando uma faceta do que acontece com os humanos. Como o cavalo Sansão, que representa o lado braçal, mas que não pensa por si mesmo, seguindo um líder cegamente. A égua Mimosa representa os conformados, em determinado momento da obra retorna ao governo dos humanos por torrões de açúcar e laços azuis (espero não ter soltado nenhum spoiler). Ainda temos as cabras, ovelhas, cachorros, vacas, patos e outros animais encontrados em uma fazenda.

Para finalizar a sessão de personagens gostaria de destacar os nove cães de guarda de Napoleão. Treinados desde a infância para responder as ordens do porco, são a principal arma para o golpe militar que a Fazenda dos Bichos sofre.

Considerações finais

A obra de George Orwell é uma critica e analise social/política incrível. Substitua os animais por homens e você enxergará, sem problema algum, momentos da história da humanidade e situações do cotidiano. Em determinados momentos lembrei-me de pessoas que agem, ou agiam, da mesma forma que algum animal no livro.

Mesmo depois de décadas a obra apresenta ser relevante e atual. A escrita de Orwell não é complicada e ficou muito clara, até mesmo na tradução. O romance satírico Animal Farm, de Eric Arthur Blair, facilita para o leitor entender a situação da época em que o escritor vivia e ainda perceber com clareza o estado atual da humanidade.

Deixo aqui os 7 mandamentos do animalismo:

  1. Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo.
  2. Qualquer coisa que ande sobre quatro patas, ou tenha asas, é amigo.
  3. Nenhum animal usará roupas.
  4. Nenhum animal dormirá em cama.
  5. Nenhum animal beberá álcool.
  6. Nenhum animal matará outro animal.
  7. Todos os animais são iguais.

E sua alteração, escrita por Napoleão:

  1. Nenhum animal dormirá em cama com lençóis.
  2. Nenhum animal beberá álcool em excesso.
  3. Nenhum animal matará outro animal sem motivo.
  4. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

Ficha catalográfica:

Título: A Revolução dos Bichos

Título original: Animal Farm

Autor: George Orwell

Editora: Companhia das Letras

ISBN: 8535909555

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Thiago Garcia

Juro que tinha pensado em uma apresentação incrível para o “quem somos”, mesmo. Mas esqueci, porque sou uma pessoa esquecida. Então vou fazer o simples mesmo. Meio jornalista, mais escritor e leitor do que jornalista. Fã de quadrinhos, jogos, apaixonado por coisas não muito explicáveis, memória fraca (já disse isso?), estou sempre com sono e sempre com fome… Amo música, sério, música é (sem palavras para definir). É isso… Devem ter outras coisas, mas não lembro agora.

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