Resenha – O Homem que Enterrou Hitler, de Marcelo Netto e Aldo Gama

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Em O Homem que Enterrou Hitler – lançado em novembro de 2021 pela Editora Contracorrente – os autores Marcelo Netto e Aldo Gama apresentam uma ‘ficção’ envolvente que destaca a teoria de que Adolf Hitler não se suicidou às 15h12 do dia 30 de abril de 1945, e sim, escapou de Berlim na noite do dia 28.

Na madrugada de 28 para 29 de abril, Hitler foge do bunker. No dia seguinte (30), acontece o seu suicídio armado. E, por volta de 20 de junho, o tão temido ‘Führer’ desembarca na Patagônia argentina para viver uma longa vida na América do Sul.

Capa do livro

O Homem que Enterrou Hitler

No livro, os leitores são guiados por uma narrativa em 1ª pessoa de um jornalista que aceita um emprego num jornal pequeno. O convite foi feito por Mané (seu amigo) que dirige a redação com excentricidade, na qual se interessam por diversos casos e pautas inusitadas.

A pauta mais inusitada que cai no colo do rapaz, acaba sendo justamente de uma fonte que afirma ter participado do sepultamento de Hitler em 1973, na cidade de Assunção, no Paraguai. E, para tornar a história ainda mais diferenciada, nesse meio tempo ele encontra com uma outra pessoa que misteriosamente parece ter vindo do futuro.

Essa segunda personalidade faz parte d’A Agência, cujo o trabalho é manter a estrutura temporal sem modificações externas, ou seja, prezar e sempre garantir que as coisas que acontecem, de fato aconteçam. Assim, para manter tal ordem temporal, o agente ‘recruta’ nosso jornalista para missões e pede o envio de diversos relatórios sobre a investigação “caçada aos nazistas”.

No começo dessa história sobre Hitler, o protagonista se mostra cético com a informação e acha que pode ser apenas uma teoria da conspiração, mas a partir dos relatos do entrevistado Sr. F (depois é revelado seu nome), vai mudando de ideia. Algo o faz acreditar que a história oficial pode estar errada.

Com o avanço das apurações, é formada uma equipe composta por ele, Mané e Isabela. E, os leitores acompanham a trajetória dessa investigação que dura 14 anos e passa por diversas descobertas como: colônias alemãs no Brasil e na América do Sul; como aconteceu a fuga de Hitler e alguns outros nazistas destacados; andanças e moradas do ditador até a sua morte aos 81 anos; detalhes da participação do Sr. F no sepultamento do ‘Führer’; nova possível data de morte do maior líder nazista.

A ficção não é tão ficção assim

Na obra acompanhamos uma grande apuração feita por um jornalista e equipe de um pequeno jornal após receberem um relato muito curioso de um homem afirmando que participou do sepultamento de Hitler em 1973. Essa base para a obra foi real na vida dos autores. De fato os dois são os jornalistas da obra, receberam tal informação e pesquisam a pauta já a mais de 14 anos.

Em meio a uma reportagem real, transformada em ficção, o leitor é o levado a conhecer todos os detalhes dessa pesquisa jornalística do começo ao fim, desde 2007 até 2021 no livro. Então, o que se destaca nesta obra, é que apesar de conter alguns personagens ficcionais, são apresentados muitos fatos corroborados por: análises de documentos oficias do FBI; arquivos documentados de órgãos e autoridades brasileiras; materiais de livros ou depoimentos de fontes que refutam a possível vida de Hitler em outros lugares do globo após o ano de 1945.

A fuga de Hitler

Durante a leitura, são salientadas as rotas de fuga e as andanças de Hitler pelo globo terrestre até sua morte nos trópicos. A narrativa dos autores, apesar de lenta inicialmente, prende muito a atenção do meio da obra aos capítulos finais que apresentam partes chave da apuração dos personagens. E, para facilitar o entendimento de todas as informações desenvolvidas, os leitores são presenteados com anexos finais contendo uma linha do tempo, fotos e mapas ilustrativos.

Anexos ao final da obra

Você dentro da apuração

Destacando outro ponto alto da obra, os leitores participam da investigação, pois em algumas partes do livro surgem palavras, números ou símbolos na cor vermelha. Ao final da leitura, descobrimos para que serve o tal “código” e qual informação poderá ser consultada.

Esse artifício narrativo, gera uma curiosidade constante e faz com que a leitura seja muito atrativa, pois o leitor vai anotando cada item do código e passa a fazer parte da apuração conquistando a descoberta instigante.

Palavra “dois” destacada em vermelho

Deixou a desejar

Apesar dos pontos destacados anteriormente, a obra tem quedas em dois aspectos. O personagem principal se mostra um tanto imoral, pois faz uso de drogas ilícitas e cita a utilização destas como uma normalidade do seu dia a dia, no qual por diversas vezes está “chapadão” e tem até lapsos de memória. Já como segundo aspecto, a construção da história por parte da relação entre o jornalista e A Agência não é totalmente explicada ou desenvolvida. Os encontros entre o jornalista e o Agente são divertidos, mas geram mais perguntas do que respostas. E, praticamente nada dessa relação é respondida até o final da obra.

E, vale a pena?

No geral a leitura de O Homem que Enterrou Hitler é altamente indicada para todos aqueles curiosos que curtam explorar novas teorias sobre os mistérios da morte de Hitler no bunker. As investigações do livro surpreendem por também citar atualizações de historiadores/pesquisadores e documentos do mundo real que acendem alguns questionamentos acerca do assunto.

E se tudo que nos fora ensinado na escola sobre a morte de Hitler, um dia precisar ser revisto e corrigido?

Essa questão, permeia em grande parte da obra. Segundo as apurações em O Homem que Enterrou Hitler, a confidencialidade de importantes documentos sobre nazismo acaba a partir do ano de 2025. Então, até lá vamos ter que esperar para possíveis revisões ou reviravoltas na história!

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84%
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Ficção real?

Sinopse: “— Hitler não se suicidou às 15h12 do dia 30 de abril de 1945. Ele foi retirado de Berlim na noite de 28 de abril de 1945.”

A Editora Contracorrente não sabe bem como qualificar esta obra. Trata-se do nosso primeiro título no universo da ficção ou temos em mãos inéditas revelações historiográficas? Cada leitora e cada leitor decidirá à sua maneira esse dilema, mas o certo é: estamos diante de um texto fascinante e envolvente.

Queremos acreditar que o “monstro” morreu no bunker, que foi covarde e que, com o seu suicídio, a humanidade foi vingada.

Ao se deparar com documentos e testemunhos contraditórios ao senso comum, porém, o leitor experimenta as mesmas surpresas que os autores tiveram ao longo de uma saga de 14 anos. Filtrada por uma lente lisérgica, a obra é uma espécie de reportagem ficcional que nos convida a discernir num mundo de absurdos reais o que é fruto da imaginação. De fato, não nos será fácil aceitar que Hitler escapou de Berlim e veio a falecer nos Trópicos, aos 81 anos, no dia 5 de fevereiro de 1971. Ainda mais que se encontra enterrado embaixo de um hotel alemão no Paraguai.

  • Enredo
    8
  • Desenvolvimento
    7
  • Clímax
    7
  • Edição
    10
  • Originalidade
    10
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Joyce Hiromi

Formada em jornalismo e turismóloga, lê de tudo um pouco, é viciada em seriados/animes e compra mais livros do que consegue ler – piorou na era dos e-books. Na listona de futuras leituras sempre terá livros de: não-ficção, distopia e muitos de romance – esse último é pra tentar adoçar a vida. Além disso, o amor por autores favoritos já me fez passar horas em filas de sessão de autógrafos, assistir vídeos de entrevistas e 'stalkeá-los' (de leve) nas redes sociais – inclusive a Jojo Moyes é incrível no Twitter!

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