(Resenha) As Vantagens de Ser Invisível, de Stephen Chbosky (livro + filme)

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Conheci “As Vantagens de Ser Invisível” primeiramente pelo filme. Eu estava na locadora (sim, eu ainda faço isso!) e vi lá o DVD que tinha na capa a fotografia dos três atores principais. Deles eu conhecia apenas dois. E sim, a presença de Emma Watson (Harry Potter) e Logan Lerman (Percy Jackson) no elenco foi o que me fez dar uma chance para aquela história. Resolvi alugar e assistir.

Achei incrível! Assim que os créditos rolaram, eu pensei: “tenho que ler esse livro”. E aí eu esbarrei em um problema. Justamente por causa do filme, a única edição disponível para compra era aquela versão com os atores na capa. Quem gosta de ler sabe como a gente odeia quando as editoras fazem isso, mas o que nós podemos fazer? Livros que originam filmes vendem mais e é por isso que eles fazem isso. Também tem um pouco de preconceito da minha parte nisso tudo.

Minha saga

Moro em São Paulo e percorri nada menos do que OITO lojas diferentes para achar esse livro. Não tinha encontrado nem no Conjunto Nacional. Quando finalmente consegui minha edição, fui logo para casa ler. Eu adorei o formato de cara. A narrativa é em primeira pessoa e acontece por meio de cartas.

O personagem principal começa a história explicando o porquê de ele estar escrevendo aquelas cartas (todas direcionadas a um amigo anônimo). Logo você percebe que elas são endereças a você leitor. A forma como tudo é contado é muito intimista, o que faz com que você realmente se sinta próximo ao protagonista, algo como um confidente.

Melhores amigos

No decorrer da narrativa você acaba se sentindo o melhor amigo do Charlie e também muito próximo da turma dele. O leitor se vê dentro da cabeça do protagonista e começa a sentir o que ele sente, pensar o que ele pensa e querer o que ele quer. Porém, após a conclusão da obra, é possível perceber que, talvez – em diferentes momentos -, você tenha sido induzido pelo seu remetente e muito daquilo que era certeza durante a leitura, talvez não seja bem assim.

O fato de estarmos tão inseridos no mundo de Charlie nos permite observar aspectos da vida dele. Existem lacunas na história que o leitor precisa fazer deduções para tentar entender quem é aquele personagem e qual a origem de sua personalidade.

De encher os olhos

Quem ficou responsável pela edição brasileira da obra foi a Rocco. Se você está lendo esta resenha desde o começo, sabe que eu disse que capas de filme são terríveis para quem gosta de ler, mas não esta. Comparando a original e a do filme, a segunda ficou muito melhor acabada. A escolha de cores foi perfeita e até mesmo a foto dos atores ficou excepcional.

As folhas não são amareladas, pelo contrário, são totalmente brancas. Isso gerou uma certa polêmica com alguns leitores, mas acredito que esta escolha tenha sido essencial para a composição gráfica do livro e não senti nenhuma dificuldade na leitura por causa disso.

Não é mais um YA

Diferentemente do que a capa Hollywoodiana possa parecer, ‘As Vantagens de Ser Invisível’ não é mais um daqueles livros adolescentes em que o jovem está passando por fase conturbada, sofrendo a influência de amigos e em conflito com um mundo cheio de drogas, problemas familiares e namoricos. É claro que ele também é isso, mas vai além. É um livro que tenta nos mostrar uma nova maneira de ver a vida e um mundo que pode sim acolher a todos e, mais do que isso, um mundo que por obrigação deve acolher a todos.

Charlie se sente infinito quando está com seus melhores amigos. Ele se sente jovem e se sente cheio de possibilidades. Possibilidades que antes lhes eram negadas por diferentes motivos. Ele não é alguém em busca de popularidade, mas sim alguém em busca de seu lugar no mundo. Ele não quer ser amigo de todos, mas das pessoas que valem a pena e que agreguem algo de bom a sua vida.

Perceba que Charlie não quer ser infinito sozinho. Ele quer ser infinito junto com Patrick e Sam, mas ele também quer ser infinito com você. E é assim que me senti após a leitura.

Hollywood em foco

A versão cinematográfica não deixa a desejar. Fiel ao livro, porém com alguns pequenos cortes, o filme possibilita a perfeita compreensão do enredo e a identificação do espectador com os personagens.

Sem a menor dúvida, Logan Lerman, Emma Watson e Ezra Miller são os grandes destaques do filme e se encaixaram perfeitamente nos papéis. O próprio protagonista, tão criticado pelo seu desempenho em Percy Jackson, consegue ser o melhor de todos. Ele realmente incorpora a personalidade de Charlie e age como se tivesse os mesmos problemas que o personagem idealizado por Stephen Chbosky.

Ficha catalográfica:

Título: As Vantagens de Ser Invisível

Título original: The Perks of Being a Wallflower

Autor: Stephen Chbosky

Editora: Rocco

Ano: 2007

Páginas: 223

Média de preço: R$ 14,90

ISBN: 9788532522337

Assista ao trailer do filme:

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Felipe Paiuca

Jornalista formado desde 2013 – o tempo voa. O primeiro livro da minha vida foi “O Menino que Aprendeu a Ver”, de Ruth Rocha, em 1999. Enquanto a minha geração se aventurava com Harry Potter, a série que me conquistou para o mundo da leitura foi Deltora Quest, de Emily Rodda. Não tenho livro favorito, pois não consigo escolher e sempre tento variar os gêneros literários de uma leitura para a outra para abranger os mais variados temas possíveis.

1 comentário

  1. Ricardo Fonseca de Sousa on

    Sensacional. A resenha ficou espetacular. Este livro é excelente. Acredito que o maior problema desta história é que ela é muito curta e ainda não teve uma continuação. ;P

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