Traduzidas para mais de 41 idiomas, As Crônicas de Nárnia são consideradas atualmente clássicos da literatura universal. Os sete livros foram escritos visando o público infantil, mas vêm conquistando também adultos e adolescentes com o passar do tempo.
Este sucesso é comprovado pelas mais de 120 milhões de cópias vendidas em todo o mundo. Ao todo, o autor levou cinco anos para concluir a saga (1949 – 1954). De lá para cá, diversas adaptações foram feitas. As mais recentes contam com a assinatura da Walt Disney e da 20th Century Fox.
Há alguns meses (se você desconsiderar o bug que tivemos no site), publiquei as resenhas sobre os dois primeiros tomos em ordem cronológica da série: O Sobrinho do Mago e O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa (confira o texto na integra clicando aqui). Hoje, vim compartilhar minhas impressões de leitura sobre os dois livros que seguem esta história.
O Cavalo e Seu Menino (3º na ordem cronológica e 5º na ordem de publicação)
O garoto é criado como um escravo pelo pai adotivo e sofre muito, sempre com a impressão de que aquele não é o seu lugar. Uma noite, quando um nobre oferece ao “pai” do menino uma alta quantia para comprar Shasta, o jovem decide fugir. Ele encontra em Bri, um cavalo narniano que havia sido capturado e escravizado pelos calormanos, o parceiro ideal para a empreitada.
No caminho, a dupla encontra Aravis, uma garota nobre e rica da corte calormana que está fugindo de um casamento arranjado, e Huin, uma égua narniana que também havia sido capturada. Ambas as duplas têm um objetivo em comum, chegar à Nárnia. Unindo forças, o quarteto segue em busca da liberdade.
Entretanto, a intolerância e a megalomania do príncipe Rabadash, o herdeiro do trono calormano, coloca Nárnia e o reino de Arquelândia em perigo. Agora, Shasta e seus amigos devem correr contra o tempo para evitar o pior. Em um caminho cheio de perigos, eles vão desvendar segredos que podem abalar a diplomacia entre estes países.
Podemos dizer que este é o livro mais peculiar de todos os sete volumes que compõem As Crônicas de Nárnia. Isso porque, a meu ver, poderíamos dizer até que ele é um spin-off da saga. Diferentemente da maioria das histórias que fazem parte desta série, o enredo de O Cavalo e Seu Menino se passa de forma integral no mundo [SPOILER] criado por Aslan, o grande leão.
Contudo, o que realmente diferencia este volume dos demais é o fato de os protagonistas não serem originários do nosso mundo. Evidentemente inspirado na história de Moisés, o enredo deste volume foi criado pelo mesmo motivo que O Sobrinho do Mago, estender e explicar o universo de Nárnia.
Além disso, o livro também serviu para matar a curiosidade dos fãs como eu – que fiquei ávido por saber um pouco mais sobre a Era de Ouro de Nárnia, o período em que este país fictício foi governado pelo rei Pedro, o magnífico, o mais velho dos irmãos Pevensie, protagonistas do livro anterior. Sendo assim, entende-se que a história de O Cavalo e Seu Menino se passa concomitantemente ao final de O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa.
Apesar de interessante, o enredo se resume basicamente a uma travessia em busca da liberdade, o que pode se tornar enfadonho em alguns pontos. No entanto, o clímax e outros pontos interessantes do livro fazem tudo valer a pena, apesar dos finais óbvios (compreensivo por ser um livro feito para crianças). Este é o sexto livro mais interessante da série (ou o segundo menos legal se você preferir).
Príncipe Caspian (4º livro na ordem cronológica e 2º na ordem de publicação)
Quando chegam a esta terra, descobrem que muita coisa mudou e que mais de 1300 anos se passaram naquele mundo desde que deixaram os tronos de Cair Paravel para retornar ao Reino Unido. [SPOILER] Agora, Nárnia é comandada por bárbaros, os animais falantes estão quase extintos e Aslan não aparece há muito tempo.
Pegos de surpresa pelos [nem tão]novos acontecimentos, os lendários filhos de Adão e Eva descobrem que Caspian, o verdadeiro herdeiro do trono de Nárnia, se juntou às raras criaturas mágicas remanescentes para recuperar a coroa usurpada por seu tio Miraz. A missão dos antigos reis e rainhas é ajudar o príncipe a reestabelecer a ordem no reino.
Apesar da promessa que tal enredo poderia trazer, este é o pior livro da série. Lewis errou profundamente no enfoque dessa história. A grande graça de Príncipe Caspian se resguardava na guerra e na tarefa de recuperar o trono do país. No entanto, o autor focou metade do livro na história passada de Caspian e outra boa parte na viagem que Pedro, Edmundo, Suzana e Lúcia estavam fazendo para encontrar o príncipe.
São muitos e muitos parágrafos de descrições e de reações dos personagens às grandes mudanças que ocorreram em Nárnia durante mais de um milênio. Eu não aguentava mais isso. Devido a toda essa enrolação, a guerra, aquilo que realmente importava, ganhou um tom bobo e simplista. As únicas coisas interessantes são as dicas dadas pelo autor sobre o final de uma determinada personagem [é uma palavra feminina, então não ache que é uma mulher]. Estas são informações que farão sentido em A Última Batalha.
Este foi o segundo livro adaptado para o cinema pela Walt Disney. Como era de se esperar, tendo em vista a fraca história do livro, tremendas modificações, como mais romance e ação, serviram para dar mais dinamismo e ritmo ao filme. A meu ver, foi um tremendo acerto do estúdio, pois se o longa fosse fiel ao original, todo mundo ia dormir na poltrona. Este é um daqueles casos que o filme dá um banho no livro.
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Por hoje é só. Na próxima resenha eu volto com os meus pareceres sobre A Viagem do Peregrino da Alvorada e A Cadeira de Prata. Comente com a gente se você concorda ou discorda das opiniões apresentadas nesta resenha. Queremos saber qual a sua opinião!