A primeira leitura deste ano foi um retorno a um gênero dos quadrinhos que eu não visitava desde 2020. Solanin é um mangá de Inio Asano, um dos mangakás mais relevantes da atualidade. Pertencente à demografia seinen, termo que delimita histórias destinadas ao público-alvo masculino adulto no mercado japonês, o enredo foi nomeado para os prêmios Eisner Award e Harvey Award.
Diferentemente do que estamos acostumados no Brasil, Solanin não traz nada sobre super-heróis, superpoderes ou questões sobrenaturais. O mangá trata de vidas e temas comuns com foco nos jovens adultos. A trama é protagonizada pelo casal Meiko e Taneda, dois jovens recém-saídos da faculdade que estão diante de uma das grandes questões dessa fase da vida: qual o próximo passo? Essa é, talvez, a principal indagação das pessoas que acabam de sair do mundo acadêmico e descobrem que as respostas não estão dentro do canudo do ensino superior.
Acompanha esse questionamento outras dúvidas que acabam surgindo depois que cumprimos aquele roteiro meio pré-determinado para nossa vida: nascer, estudar, crescer, formar-se no ensino médio, escolher uma profissão, passar no vestibular, cursar a faculdade, formar-se no ensino superior e conseguir um bom emprego… daí em diante a caneta é sua para escrever a própria história. E aí… o que fazer? Vale a pena ainda perseguir aquele sonho de infância/adolescência? É razoável seguir essa plano?
Todos já sentimos
Toda a história é contada sob um clima melancólico muito forte que assola os personagens que são muito carismáticos e de fácil identificação. Você encontrará a si mesmo dentro dos quadrinhos e reconhecerá vários parentes e amigos seus lá também. Isso é um grande risco, pois nos apegamos a Meiko e Taneda, o que pode nos levar a uma profunda tristeza na transição entre o volume um e dois.
Na segunda parte, logo de início, passamos por um breve período (primeiro capítulo) de negação do desfecho da parte um, mas logo a tristeza toma conta de vez da história. É difícil para o leitor aceitar o caminho trilhado pelo mangaká, mas logo se torna interessante acompanhar toda a história de superação. As questões da vida voltam a aparecer: sou feliz? Ser sonhador ou ser mais prático?
O mangá traz algumas respostas tanto no primeiro quanto no segundo volume. Porém, em minha opinião, as principais respostas são para as perguntas: Vale a pena ainda perseguir aquele sonho de infância/adolescência? Ser sonhador ou ser mais prático? E as respostas são realistas e semelhantes àquelas que muitos de nós encontramos nessa fase da vida. O que é seguir o seu sonho? Você realmente precisa viver daquele sonho ou ele pode ser simplesmente aquilo que ele já é, um hobby. A vida nos leva para caminhos inesperados e, muitas vezes, é um grande erro ficar atrás de algo que pode sim ser simplesmente algo prazeroso sem compromisso.
Conexões
Solanin tem sim uma forte ligação com outro quadrinho, este sim lido em 2021 e resenhado aqui no Capitulares, Scott Pilgrim vs O Mundo. Porém, enquanto a obra de Bryan Lee O’Malley está quase o tempo todo pautada no humor, Inio Asano caminha por vales mais sombrios da vida.
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