Se você fez faculdade de comunicação ou alguma outra na área de humanas, provavelmente conhece o autor do livro que vou resenhar hoje. Umberto Eco é escritor, filósofo e semiólogo, entre muitas outras coisas. Seus livros e estudos são tema de debates universitários e sua obra prima é o conhecido livro O Nome da Rosa (que também se tornou filme).
O que mais me chamou a atenção em O Cemitério de Praga foi a capa – sim, no primeiro momento eu julguei esse livro pela capa – que tinha um quê de mistério e Jack, O Estripador. Mas eu não sou o tipo de cara que sai comprando o que vê pela frente, então, desde aquele primeiro contato visual até a compra se passaram alguns anos.
É claro que eu li a sinopse e ela também me convidou para aquela história. Parecia ter tudo que uma boa história precisa e além do mais, o nome de Umberto Eco tinha um peso significativo para mim, que a seis meses tinha se graduado jornalista.
E aí…
O desanimo não demora muito a aparecer. Diversas expressões em francês, parágrafos e capítulos longos, além disso, a narrativa já começa vagarosa e o enredo torna-se difícil de entender em alguns momentos.
Outra coisa que me tirou do sério foram as descrições excessivas dos pratos em que os personagens estavam comendo. Eram detalhes completamente sem sentido e que se tornavam um entrave para a história. Junta-se a isso a extensa lista de personagens e a mania de chamá-los de um jeito diferente a cada parágrafo.
Narrador multifacetado
Existem dois tipos de narração nesta obra, mas três narradores. Calma que já vou explicar. Boa parte da história se passa dentro do diário do protagonista, Simonini. É aí que surge a primeira pessoa. Ele descreve sua história de vida como um agente da ação. Esse estilo narrativo também continua quando entra em cena Dalla Piccola, que apesar de não conhecer o primeiro personagem, troca mensagens e memórias com ele por meio de anotações.
É nesta relação que reside o grande mistério de O Cemitério de Praga. Mas a condução dos fatos não fica apenas a cargo deles. Quando a narrativa deixa as páginas e as anotações de ambos, a terceira pessoa surge e finalmente dá um ritmo mais dinâmico à história.
O significado
Quando eu li a sinopse e o título O Cemitério de Praga, criei expectativas que de forma alguma foram atendidas. O enredo, na verdade, acompanha a vida de Simonini com uma riqueza de detalhes que chega a ser chata. Você só vai entender o nome escolhido para essa história lá pelo meio e isso acaba tornando as coisas um pouquinho mais interessantes, mas não é nada que salve o livro.
Sem identificação com os personagens e nem com a ideia, a leitura que se arrastou foi praticamente interminável. E aqui entra algo muito subjetivo e pessoal. Certas falas, atitudes de personagens e falas afrontavam minhas convicções em crenças. Talvez isso não seja um problema para algumas pessoas, mas achei certos elementos inseridos pelo autor desnecessários.
Em 2014 não rolou, mas quem sabe para uma releitura daqui alguns anos. E você, já leu O Cemitério de Praga? Deixe suas opiniões nos comentários.
Ficha Catalográfica:
Título: O Cemitério de Praga
Título original: Il cimitero di Praga
Autor: Umberto Eco
Editora: Record
Páginas: 480
ISBN: 9788501092847