Estudante do segundo ano de jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo, Ricardo Fonseca de Sousa tem 24 anos e atualmente trabalha com comunicação corporativa. Avido leitor, ele tem o costume de querer todos os livros ao mesmo tempo. Além disso, gasta fortunas em obras do Rick Riordan – apesar de acreditar que este autor poderia aprender bastante com Stephen King -, roupas e tênis. Entre os clássicos, o seu principal inimigo é O Cortiço, de Aluísio Azevedo.
Sua escritora favorita é J. K. Rowling (já leu quase tudo que essa mulher escreveu na vida e se gaba por isso), mas atualmente o livro que viaja com ele pelo Grande ABC é A Pirâmide Vermelha. Confira quais foram as impressões dele sobre um dos clássicos do terror. Feliz Dia das Bruxas!
Por Ricardo Fonseca de Sousa
Desde quando soube que a Suma de Letras ia relançar um dos clássicos do Stephen King, eu fiquei realmente muito ansioso. A espera foi longa. Claro, o autor e a obra dispensam apresentações, afinal de contas ele é um dos maiores escritores de todos os tempos, e o livro It, a Coisa é um de seus clássicos mais famosos. Tenho que admitir: a obra é espetacular, a escrita de King é incomparável e eu achava que ia me assustar muito lendo esse livro – me enganei completamente.
O início do livro se passa em 1958, quando um terrível assassinato inicia uma onda de acontecimentos horríveis na cidade de Derry, no Maine (Estados Unidos). Logo após esta introdução, somos transportados para o “presente” – 1985 (o livro foi escrito em 1986), e a obra passa a contar a experiência vivida por sete crianças (os piores dias de suas vidas) durante o verão de 1958. A história intercala o ponto de vista de Richard Tozier, Eddie Kaspbrak, Stanley Uris, Beverly Marsh, Ben Hanscom, Michael Hanlon e William Denbrough.
Eles são chamados de volta à cidade quando um novo surto de assassinatos parece tomar conta de Derry. Entretanto, todos eles sabem o motivo de tantas mortes e é por isso que somente estas crianças (agora adultos) podem tentar deter este mal. É neste contexto que a história se desenrola.
Múltiplas visões
A narrativa do livro é interessante, pois apesar de contarmos com sete “personagens principais”, cada um deles tem uma personalidade diferente e impede que o enredo se torne cansativo e enfadonho (afinal de contas são mais de 1.100 páginas). King vai e volta ao presente e ao passado a todo o momento, mas isso não torna o livro confuso, muito pelo contrário, você percebe que este estilo ajuda a compreender as ações que os personagens estão tomando, pois levam em conta o que aconteceu com eles anteriormente.
De certa forma a história se torna muito envolvente para quem a está acompanhando, acabamos entrando de cabeça na trama e parece que fazemos parte do clube dos “Otários”, como eles se intitulam. É normal ficarmos apreensivos, torcer por eles e, é claro, acreditar que conseguirão unir forças para derrotar o mal.
Nunca havia lido nenhum livro de “terror”, o único trabalho de King que tenho em minha estante é “Novembro de 63”, que não tem nada de horripilante (e nem tenta ter). O problema é que eu criei altas expectativas com “A Coisa”, achei que seria um susto atrás do outro, um calafrio depois do outro. E não foi bem assim. Existem sim partes da obra em que você se sente desconfortável e fica com medo até de olhar para trás, mas (no meu caso) eles podem ser contados na mão (direita).
Acredito que isso se deve ao fato de eu não ter lido o livro quando era mais novo e agora não são muitas as coisas que me fazem ficar sem dormir (tipo o filme Invocação do Mal hahaha). Infelizmente não entendi porque muitos chamam essa de “a obra mais assustadora de Stephen King”. Sério?! Mas não se enganem, o livro é excelente. Um pouco frustrante nesse aspecto, mas excelente.
O que poderia ser um pouco melhor
A edição da Suma de Letras é muito bonita, entretanto eu esperava muito mais por conta do alto preço cobrado pelo livro (média de R$55,00). Tá, ok, são mais de mil páginas, mas mesmo assim a capa poderia ser melhor trabalhada. Nem digo capa dura (seria perfeito), mas um verniz localizado, ou alto relevo no título resultariam em um acabamento mais diferenciado. NADA! Não tem nada disso. A diagramação é excelente (diferente da antiga edição da Objetiva, na qual as letras eram miúdas e coladas). A tradução parece estar muito boa e o livro não perde sua “raiz”, existem diversas referências à cultura norte-americana, mas nada que atrapalhe a compreensão do leitor.
No mais, It, a Coisa é um livro obrigatório para quem é fã de Stephen King e de bons livros. É como eu disse: minha experiência com ele foi excelente, não me assustei muito, mas não me arrependo de ter arranjado um tempo para dedicar à leitura desta obra magnífica. Próxima parada: O Iluminado.
Ficha catalográfica:
Título: It, a Coisa
Título original: It
Autor: Stephen King
Editora: Suma de Letras
Páginas: 1.104
Preço médio: R$ 55,00