Em mais um Eu indico de leitor, recebemos a resenha do livro Como Esquecer – Anotações Quase Inglesas, de Myriam Campello. A jornalista Aline Mariane contou pra gente suas impressões sobre a obra literária e também sobre o filme nacional. Quem nunca teve um grande amor? Quem nunca foi surpreendido por um amor que esfriou, e que você acabou sendo a ultima pessoa a saber disso?
Leitora nas horas vagas, Aline Mariane também escreve para revistas de construção e engenharia. Além disso, possui um projeto de site que busca trazer reflexões sobre conteúdo relacionado à sociedade, mídia e política por meio artigos, crônicas, entrevistas e documentários. Confira mais sobre o trabalho no site do Candeia.
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Por Aline Mariane
A narrativa ficcional de Myriam Campello, Como Esquecer – Anotações Quase Inglesas, traz um conteúdo bastante real, sentido por muitas pessoas ao fim de um relacionamento amoroso. A temática LGBT está presente em duas formas: no término do casamento da professora e protagonista da história, Julia com Antônia (personagem que aparece apenas nas lamentações e lembranças de Julia) e também no namoro de dois personagens secundários, Hugo, melhor amigo de Julia e seu namorado.
Apesar de trazer personagens homossexuais, a ideia do livro não é discutir a temática, e sim, discutir o amor – o que torna a narrativa mais engrandecedora ainda a partir do momento em que é possível descentralizar de uma questão de tanta importância e implantá-la no cotidiano das personagens com leveza e delicadeza.
A narração é um tanto quanto dolorida, pois chega ao leitor no momento de desconstrução de toda uma vida e de sonhos, alguns realizados e outros não, de Julia ao lado de sua ex-esposa, Antônia. Ao longo do livro, é possível acompanhar de que forma Julia acaba aprendendo a lidar com a separação de Antônia e recomeçando sua vida. Uma vida que havia sido desmoronada em vários âmbitos pela perda de seu amor. A falta de Antônia acabava com suas perspectivas de vida ou mesmo vontade de vivê-la. Relacionamentos amorosos, afetivos e, até mesmo, profissionais, iam se abalando da mesma maneira em que o psicológico de Julia estava afetado.
Também vale destacar a importância das personagens secundárias, que rondam a vida de Julia e passam, cada uma delas, por problemas distintos de cunho afetivo. Cada uma destas personagens serve de pilar umas para as outras, a partir do momento em que a amizade entre elas é uma das chaves para que solucionassem seus problemas.
Qual é o contrário do amor?
Esta é a questão apresentada ao leitor e que vai além da resposta mais óbvia: o ódio. O que é o contrário do amor? O que é o contrário do sentir algo por alguém? Julia só se desvincularia completamente de seu amor por Antônia quando soubesse esta resposta.
Sim, ao final, Julia encontra suas respostas, que também fogem do óbvio, mas a levam para uma nova perspectiva que se torna suficientemente aceitável para quem lê.
Como Esquecer – Anotações Quase Inglesas, fala de dor de forma profunda, intensa e honesta. Sem repulsas ou rodeios, as páginas são capazes de prender e fazer sentir os mesmos sentimentos de Julia, que ao início são de dor, rejeição, falta, medo e perda de fé. Mas que também acabam se misturando com a necessidade de mudança e de uma nova chance para a vida. Como Esquecer trata da dor da perda, do processo de reconstrução e de como é possível se levantar.
Eu indico a obra para todos aqueles que querem conhecer e se interessam pelo amor das suas mais variáveis formas, cores e intensidades.
Livro X Filme
A adaptação do livro para a obra cinematográfica, dirigida por Malu de Martino e lançada em outubro de 2010, é bastante fiel ao conteúdo do livro. O que, para os leitores convencionais, não decepciona. Porém, para quem espera uma apresentação diferente do conteúdo ou até a intenção da diretora em passar as sensações das personagens ou os acontecimentos de forma visual diferente, isto não ocorre. Desde o início, Malu de Martino expõe a melancolia de Julia em lembranças de situações vividas por ela e pela ex-esposa na Inglaterra.
Os atores, no entanto, se assemelham muito aos personagens do livro, conseguindo trazer para a tela as características principais dos personagens do livro. Ana Paula Arósio, como Julia, incorporou as características depressivas e de humor ácido presentes naquele momento fragilizado da protagonista. Ao mesmo tempo, Murilo Rosa, como Hugo, também se destacou por ser antagônico à Julia em determinados pontos, se tornando um de seus principais colaboradores para recuperação. O filme também conta com a atriz Natalia Lage, como Ligia; Bianca Comparato, como Carmen; Arieta Corrêa, como Helena; e, Pierre Baitelli, como Nani.
Confira o trailer do filme:
Ficha catalográfica do livro:
Título: Como Esquecer – Anotações Quase Inglesas
Autora: Myriam Campello
Editora: 7 letras
Ano de Edição: 2010
Páginas: 130
Onde Comprar: Amazon
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