Você se lembra daquele livro que marcou o início da sua vida como leitor?
Aquele que, na época, pode ter parecido “apenas uma boa história”, mas que, muitos anos depois, você percebeu que foi a faísca inicial, o impulso que fez você se encantar pelo hábito da leitura?
No meu caso, esse livro foi Férias de Arrepiar, de Graziela Bozano Hetzel, quando eu tinha entre 11 e 12 anos. Não foi o primeiro livro da minha vida, claro. Contudo, este é um título que de alguma forma marcou a minha vida e… sempre que me lembro de como comecei a ler como hábito, recordo-me dele.
Enredo comum

A história acompanha Felipe (meu xará, talvez por isso tenha chamado minha atenção aos 11 anos) que vai passar férias em Miraflores, uma cidadezinha do interior de Minas Gerais. Lá ele conhece Bárbara, uma menina judia muito esperta, que não apenas desperta novos sentimentos no protagonista, mas também se torna sua parceira em uma aventura inesperada.
Aos poucos, Felipe descobre que a pacata Miraflores esconde segredos sombrios. A pousada onde sua família está hospedada guarda mistérios, a presença de neonazistas e ciganos mexe com o cotidiano da cidade, e até o desaparecimento de uma criança entra em cena. Enquanto o pai de Felipe só queria descansar, o menino acaba vivendo dias intensos e nada tranquilos.
Releitura
Reli este livro na semana passada. Esta é uma trama curta, direta e cheia de conveniências — afinal, é uma obra voltada para crianças entre 8 e 10 anos. Achei que sentiria aquela famosa “vergonha alheia” que surge anos depois quando já somos adultos. Do tipo: “como eu achei isso aqui bom?”. Bobagem! A história, apesar de nenhum pouco inovadora conseguiu me instigar novamente, mesmo eu ainda lembrando de boa parte da trama mais de 20 anos depois. Se funcionou comigo agora, imagino o impacto que deve ter em uma criança nessa faixa etária.
O olhar mais atento me fez perceber coisas que passaram em branco na primeira oportunidade. Férias de Arrepiar é, na verdade, o segundo volume de uma série. Antes dele, Graziela publicou O Estranho Caso da Caverna, e depois veio Pesadelo na Neve, que dá continuidade à história. Ao saber disso, confesso que fiquei tentado a ler os outros dois, mesmo agora adulto, — só para revisitar esse universo que tanto me marcou lá atrás.
Quem assina

Sobre a autora, esta é carioca, professora e escritora. Graziela tem hoje 80 anos e já foi vencedora da maior honraria literária do Brasil, o Prêmio Jabuti, justamente na categoria Livro Infantil ou Infantojuvenil, com o título A Cristaleira, no ano de 1996.
Apesar da importância desse livro na minha formação como leitor, recordo-me dele como um ponto de partida. Outras obras como Pântano de Sangue e A Marca de Uma Lágrima, de Pedro Bandeira, e Nas Ondas Surf, de Edith Modesto, foram outros títulos que ficaram registrados na minha memória e que povoaram o meu insipiente hábito literário na pré-adolescência.
Contudo, para mim, a grande virada aconteceu mesmo com a série Deltora Quest. Essa foi a minha “saga Harry Potter”: enquanto muitos da minha geração mergulhavam no mundo de J. K. Rowling, eu estava fascinado pelas aventuras de Emily Rodda.
Já experimentou?
Depois de tanto tempo, você já tentou buscar aquele livro que foi o pontapé para o hábito de leitura na sua vida?
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