Resenha – Túneis, de Roderick Gordon e Brian Williams

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TúneisQuem gosta de série aí? Hoje nossa resenha é sobre Túneis, primeiro volume da saga de mesmo nome. A história foi escrita por Roderick Gordon e Brian Williams, autores descobertos pelo menos agente de J. K. Rowling (aquela lá que escreveu um tal Harry Potter). Pensando nisso você se enche de expectativas. CARALHO vai ser mais uma série foda! (SQN)

Eu geralmente escolho uma série por ano para ler e em 2014 Túneis foi a selecionada. Fiquei sabendo dela após assistir um vídeo de lançamentos do mês de um conhecido canal literário. Li a sinopse e apostei minhas fichas no enredo. Como eu estava enganado!

Por baixo da terra

O primeiro volume conta a história de Will Burrows, um adolescente de 14 anos que adora escavações e tem como seu ídolo o pai, um arqueólogo frustrado, mas que vive fazendo túneis nos subsolos de Londres em busca de algo que mude sua carreira.

Will é albino e sofre bullyning na escola. Seu único amigo se chama Chester e este também não é bem recebido pelas outras pessoas devido a um problema de pele. Quando objetos e pessoas estranhas começam a surgir por Londres, Dr. Burrows, o pai do protagonista, desaparece deixando toda a família aflita.

A partir daí uma busca frenética por respostas vai envolver Will e todas as pessoas que estão ao seu redor. Se você é claustrofóbico não leia esse livro.

A ideia é boa, mas o desenvolvimento…

Roderick Gordon
Roderick Gordon

Você já deve ter percebido que naquela breve descrição que fiz sobre o protagonista não tem nenhuma novidade. Um garoto com características incomuns que não se encaixa e que não faz amigos facilmente. Não sei por que, mas isso me lembra não só Harry Potter, mas também Percy Jackson (isso só para citar os mais conhecidos).

Quem dera se esse fosse o principal problema. A obra se divide em três partes, sendo a primeira a mais chata e arrastada de todas. Evidentemente os autores utilizaram este momento para apresentar e definir personagens no imaginário do leitor. Porém, o modo como tudo é conduzido me fez pensar “Por que estava lendo aquilo?”.

Tudo isso só vai começar a sofrer pequenas mudanças quando Dr. Burrows desaparece e finalmente um objetivo claro surge no horizonte. Saber onde ele estava e por que tinha sumido. Esse é o start da história, mas até chegarmos a esse ponto, quase 100 páginas já tinham ido embora.

A saga

Obviamente que quem lidera a busca pelo pai é o próprio Will. Quando ele e o amigo descobrem um túnel secreto decidem investigar a fundo o caso (isso não é spoiler). Uma aventura pelos subsolos da cidade é instigante, mas o livro é previsível e basta juntar as informações dadas na primeira parte da história para “adivinhar” os fatos que vão acontecer pouco tempo antes deles surgirem nas páginas.

Uma das dificuldades dessa parte está na visualização das coisas. Os escritores utilizaram algumas palavras e detalhes específicos para escavadores. Em alguns momentos nos é passada a composição das paredes dos túneis, o que não faz muito sentido para quem não entende desse assunto como eu.

Antipático

Brian Willians
Brian Williams

Nesta segunda parte descobrimos que Will e Dr. Burrows não são personagens com os quais você vai se encantar. As atitudes de ambos são impensadas e geralmente tendem a ser extremamente mesquinhas já que não levam em conta amigos e família. Estão sempre olhando para seus respectivos umbigos ao ponto de você querer ir dar uma lição de moral neles para que possam mudar suas atitudes.

Apesar disso, é nessa parte que aconteceu a única revelação que me deixou surpreso e que não consegui prever (talvez porque tenha achado certas coisas absurdas dentro da história).

Claro que o livro é dedicado ao público infanto-juvenil – isso fica claro quando detalhes bizarros são expostos (um deles é o fato de uma família inteira ser dependente de uma menina de 12 anos). Porém, existe uma crítica a sociedades autoritárias nesta obra. A história mostra um lugar onde um pequeno grupo de pessoas coage o restante da população e tomam para si todo o poder (legislativo, executivo e judiciário).

Bonito de ver

A Editora Rocco foi a responsável pela versão brasileira de Túneis e acredito que não tenha decepcionado ninguém com relação à parte gráfica do romance. De formato compacto, a capa chama a atenção do leitor, a diagramação traz fontes grandes e bem espaçadas, além de papel amarelado.

Alguns pequenos problemas de revisão podem ser encontrados, mas nada extremamente grave. O material é bem resistente e o meu livro está praticamente novo mesmo depois de ter sido levado para cima e para baixo por São Paulo.

“Menos pior”

A terceira parte do livro é sem dúvida a “menos pior” – o que te faz pensar que as duas primeiras foram apenas uma preparação para o final. A melhora na história se dá devido a algumas mudanças de postura de um determinado personagem.

É esse ajuste feito pelos autores que te faz querer seguir com a história para o volume dois. Além disso, existe um acontecimento nas últimas três páginas que é outro incentivador para a leitura de “Profundezas”. 

P.S.: A série tem ao todo seis volumes.

Ficha catalográfica:

Título: Túneis

Título original: Tunnels

Autores: Roderick Gordon e Brian Williams

Páginas: 478

Preço: R$ 30,90

ISBN: 9788561384326

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Jornalista formado desde 2013 – o tempo voa. O primeiro livro da minha vida foi “O Menino que Aprendeu a Ver”, de Ruth Rocha, em 1999. Enquanto a minha geração se aventurava com Harry Potter, a série que me conquistou para o mundo da leitura foi Deltora Quest, de Emily Rodda. Não tenho livro favorito, pois não consigo escolher e sempre tento variar os gêneros literários de uma leitura para a outra para abranger os mais variados temas possíveis.

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