Resenha – Morte Súbita, de J. K. Rowling

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É Harry Potter? Nem um pouco! Obviamente que o sucesso de Morte Súbita se deu devido a quem assina a obra, J. K. Rowling. Quase todos aqueles serelepes adolescentes e jovens que acompanharam os primeiros sete livros da autora, e que hoje são adultos, eclodiram em pura felicidade quando um novo romance chegou às livrarias. (Mano, ela é mãe do Harry Potter, como não querer ler isso?)

Se você voltou da livraria feliz e contente com aquele calhamaço de baixo do braço esperando reencontrar aqueles tempos em que as coisas eram bem mais fáceis e você podia dispor de mais da metade de um dia para apreciar a narrativa de J.K., provavelmente quebrou a cara (ou não)!

Tenha em mente que Morte Súbita é um livro adulto e contemporâneo. Só com essas definições já eliminamos a possibilidade de uma nova história infanto-juvenil/YA fantástica como a citada acima. Sendo assim, vai tratar de temas densos como política, sociologia e psicologia, entre outros.

A boa notícia é que a escrita da autora continua excelente e depois de alguns problemas no começo você não vai querer largar. E vamos parar com essas comparações, pois como eu já disse, as obras apresentam propostas diferentes.

O enredo

O Sr. e a Sra. Dursley, da Rua dos Alfeneiros, nº. 4, se orgulhavam de dizer que eram perfeitamente normais… (zoeira, zoeira. Parei!).

 O livro conta a história dos habitantes de um “vilarejo” do interior da Inglaterra que escondem muitos segredos. Tudo começa quando um dos conselheiros do local (uma espécie de vereador) morre subitamente (olha o link, olha o link) e este acontecimento passa a afetar a vida de diversas pessoas.

 Com a vacância do cargo político, muitos se interessam pela vaga e começa aí uma série de articulações elaboradas por diferentes personagens para que determinadas pessoas ocupem a cadeira restante no conselho. É durante estas combinações que o leitor vai descobrir os defeitos, as qualidades e as intenções de cada personagem.

Que abundância, meu irmão

A definição de um enredo é complicada, pois a novela conta com dezenas de personagens. Para você ter uma ideia, podemos destacar pelo menos sete protagonistas, vários coadjuvantes e um monte de assistentes e figurantes.

O benefício de tudo isso é que J. K. muda sua estratégia narrativa. (Vou fazer aqui uma nova referência a Harry Potter, mas só porque é a obra que temos como referência em um período anterior ao de Morte Súbita). Na série sobre o bruxo temos diversos personagens e uma narrativa em terceira pessoa, mas que leva em consideração a visão de mundo do protagonista. Nesta obra para adultos, como não há de fato um único personagem “principal”, a narrativa em terceira pessoa se divide e se alterna entre eles, tornando as coisas ainda mais interessantes.

Começo lento, mas…

O livro é divido em partes (olha que novidade. Acho que isso está virando moda). Com um extenso leque de personagens, Morte Súbita começa lento e um pouco cansativo. Além disso, as primeiras 250 páginas também estão recheadas de conflitos psicológicos internos que claramente pretendem expor quem são aquelas pessoas introduzidas ao enredo.

Mas, depois que você conhece a maioria dos habitantes de Pagford (aqueles que estão na história, claro!), a fluência da leitura melhora e você consegue seguir tranquilamente (Pensando bem, os habitantes de Pagford são só aqueles que estão na história, pois esse lugar não existe). O paradoxo é que as últimas 250 páginas são extremamente dinâmicas e fazem você esquecer aquele começo monótono. Sequências vertiginosas ocorrem em alternância e culminam em um desfecho… PUTA QUE PARIU!

Merecem menção

J. K. é especialista em fazer você gostar e odiar de personagens. Nesta obra criei mais antipatias que empatias (e isso continua sendo excelente). A imensa maioria deles, exceto por um ou dois, é horrível. Os moradores de Pagford são em geral mesquinhos, individualistas e olham mais para os problemas dos outros do que para os próprios.

Só para citar alguns notáveis, meus favoritos foram Andrew Price, adolescente que para mim se mostrou determinado e rebelde com causa, e Tess Wall, a mãezona que é a base da família e que tenta ajudar quase todo mundo. Entre os detestáveis estão Simon Price, talvez o mais repugnante, Howard Molison, o mais chato de todo o vilarejo, e Gavin, o indeciso.

Parabéns editora

Finalmente uma obra de Rowling recebeu o devido tratamento gráfico aqui no Brasil. A Nova Fronteira, editora responsável pela versão em português, optou por páginas amareladas, design original britânico e material da capa semelhante ao utilizado em versões estrangeiras.

Lembro que antes existiam muitas reclamações com relação a outras obras da autora publicadas aqui no Brasil. As críticas se destinavam principalmente ao acabamento dos livros.

Maturidade

A Tatiana Feltrin (Tiny Little Things) disse em seu vídeo que este é um livro sobre perdas e eu concordo com isso. Ele trata de perda de entes queridos, perda de objetivos, perda de um determinado estilo de vida, perda de convicções, perda de sonhos e inúmeras outras.

Como eu escrevi lá em cima, os temas tratados são complexos. Por isso, se você não acha que tem maturidade para pensar sobre esses assuntos, acredito que não seja indicado. Mas, como curiosidade mata, e eu sou um Capitular curioso, quero saber o que você pensa sobre Morte Súbita. Então curta, compartilhe e comente comigo (pois é da escuridão que nasce a luz, já dizia a Chiquinha).

P.S.: Uma minissérie baseada no livro está sendo produzida pela BBC.

Ficha catalográfica:

Título: Morte Súbita

Título original: The Casual Vacancy

Autor: J. K. Rowling

Editora: Nova Fronteira

Ano: 2012

Páginas: 512

Média de preço: R$ 40,00

ISBN: 8520932533

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Jornalista formado desde 2013 – o tempo voa. O primeiro livro da minha vida foi “O Menino que Aprendeu a Ver”, de Ruth Rocha, em 1999. Enquanto a minha geração se aventurava com Harry Potter, a série que me conquistou para o mundo da leitura foi Deltora Quest, de Emily Rodda. Não tenho livro favorito, pois não consigo escolher e sempre tento variar os gêneros literários de uma leitura para a outra para abranger os mais variados temas possíveis.

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