Antes da magia começar e falarmos sobre o livro, quem é o Doutor? Bem, a grosso modo ele é um alienígena de uma raça conhecida como Time Lord (parece onipotente, eu sei), com dois corações, algumas centenas de anos, viajante do tempo e espaço, que possui algumas excentricidades, pode se regenerar (como assim?) e tem sempre uma forma nada peculiar de salvar o dia.
Doctor Who é uma serie de televisão de longa data na Inglaterra (desde 1963). Uma das artimanhas dos produtores para manter a serie no ar por tanto tempo é o congelamento criogênico. Brincadeira, na verdade é o fato do Doutor poder se regenerar quando morre. Seria uma incrível plástica misturado com uma roleta russa, você não saberia como iria ficar caso sofresse, até a personalidade muda. Solução perfeita.
“Se este livro sair por aí, dê-lhe um cascudo e mande-o de volta para casa.”
Vou confessar para vocês leitores, sou idiotamente fã de Doctor Who, mas prometo ser o mais imparcial possível no capitulando desse livro que é fantástico, maravilhoso, empolgante, perfeito, melhor que tudo que já se possa ter lido por ai e um deleite para os fãs de ficção cientifica. Ok! Não pareço, a meu ver, ter começado bem minha tentativa de convencer alguém da minha imparcialidade. Para resolver isso vou começar falando dos problemas do livro (mas pera ai, começar falando dos defeitos da obra-prima?), sei o que você deve estar pensando, mas não se preocupe “a ordem dos fatores não altera o produto”, alguém da matemática.
Mas o livro fala sobre quarto Doutor, Certo? Mas nem sei quem é o primeiro, como vou ler isso?
A maior neura que alguém possa ter ao ler esse livro é “não sei nada de Doctor Who e ainda vou começar a ler da quarta regeneração dele?”. Sim, quando comecei a ler o livro também estava extremamente preocupado com isso, conhecia apenas as novas versões dele e um pouco do primeiro, mas minha “fãzice” idiota ajudou com que nada prejudicasse o êxtase de ler o livro. O fato é que, quem ler sem conhecer nada da mitologia da serie pode achar meio estranho absorver algumas coisas no inicio, mas conforme a leitura as coisas se tornam naturais.
Para os da nova geração (assim como eu) que conhece apenas os novos Doutores (9º, 10º e 11º) a tentativa de comparar o Doutor do livro com algum deles parece inevitável (pelo menos foi para mim), mas conforme a leitura essa necessidade de comparação some.
No geral, ainda existe a possibilidade de ler o livro como uma ficção cientifica nova, sem precedentes, nos melhores moldes do famoso livro nerd “O guia dos mochileiros da galáxia”. Afinal, é claro o dedo de Douglas Adams no roteiro.
Chave-de-fenda sônica, cachecol, Jelly baby e TARDIS
Para os fãs da serie inglesa o livro tem tudo o que se espera de um episodio televisivo. A TARDIS (o transporte) do Doutor, a chave-de-fenda sônica e tudo o mais. Os personagens são divididos em 3 núcleos, algo que poderíamos chamar de o “herói”, os companheiros e o violão.
O Doutor sozinho sustenta o núcleo do “herói”. Ele é o personagem que todos esperam para salvar o dia, quando parece não haver mais esperança chega o cavaleiro com cachecol multicolorido oferecendo suas jelly baby. Espere muito improviso, falhas enormes e situações de pura sorte friamente calculadas (isso mesmo, sorte calculada. Não é para fazer sentido). No geral uma persona icônica e excêntrica por natureza.
“- Olá, eu sou o Doutor – disse, estendendo a mão.
– Clare Keightley – respondeu ela , apertando sua mão.
Mas, lá no fundo, ela estava pensando, muito estranhamente: Mas é claro que é.”
O segundo núcleo é criado pelos companheiros do Doutor. No livro, o total são quatro: Romana, Professor Chronotis, Chris Parsons e Clare Keightley. Na lista existem dois Senhores do Tempo e dois humanos.
Os Senhores do tempo são Romana e o Chronotis. Romana é a companheira de aventuras do Doutor (nada de interesse amoroso) que às vezes toma o papel de dama em perigo precisando ser resgatada, outra hora assume um papel mais ativo na história. Com relação ao Professor Chronotis… Não dá para falar muito dele, a não ser que é sempre intrigante a participação dele.
Os humanos são Chris e Clare (os que sobraram. Então nenhuma surpresa). O que falar sobre eles? Eles são humanos, nenhuma novidade. Chris é o garoto tentando impressionar a garota dos seus sonhos, Clare. Ok. Seria injusto dizer só isso deles, na verdade gosto muito da personagem mulher, ela surpreende em muitas cenas (no começo confesso que é meio apática, mas vai evoluindo). Já o Chris… Ele sempre ferra com tudo. É o que direi.
Mais uma coisa, não posso deixar de citar um companheiro especial, o K-9. Um cachorro de metal que é um master computador, com laser para destruir o inimigo. Ele é um dos meus favoritos, o nome dele é genial (Ca-nine). Na verdade seriam mais dois, mas o ultimo companheiro que aparece é uma surpresa muito boa, não posso contar.
No ultimo núcleo temos o terrível vilão Skagra. Ele se permite apenas dois sorrisos por dia, e não gosta de desperdiçar eles, calcula cada movimento com extrema perfeição, tem capangas invencíveis e tem uma bola flutuante q extrai a mente das pessoas. É o suficiente sobre ele. A motivação do antagonista infelizmente eu não posso contar.
O enredo geral é que o Senhor do Tempo Professor Chronotis decidiu viver na Terra, mas acabou trazendo um livro muito importante para o nosso querido planeta. Importante porque ele tem o segredo para chegar a Shada (aí o nome do livro) que é uma prisão dos Senhores do Tempo. E Skagra precisa chegar a Shada para concretizar seus planos. E o Doutor acaba no meio dessa complicada situação.
Bem, qualquer coisa que eu falar pode estragar as surpresas de quem quiser ler. O livro é baseado em um episodio que Douglas Adams escreveu para o seriado em 1979, mas que acabou não sendo transposto para as telas de televisão (uma pena isso). A adaptação para o romance ficou na responsabilidade do escritor e roteirista Gareth Roberts, bem familiarizado com a serie inglesa.
Finalizando, quem é fã da série pode ter certeza de que o livro vai agradar muito. Já para quem nunca ouviu falar na serie, bem, o fato é que mesmo não fazendo ideia quem seja o Doutor o livro é uma ótima ficção cientifica. As referencias sutis no livro ficam por conta dos Whovians.
Gerônimo!!!
Ficha Catalográfica:
Título: Doctor Who: Shada
Autor: Douglas Adams? Gareth Roberts? Os dois? Ninguém? Não sei.
Editora: Suma de Letras
Ano: 2014
Páginas: 352
Média de preço: R$39,90 (depende mais das promoções que encontrarem por aí)
ISBN: 9788581051994