
Dando continuidade ao projeto “Um Poe Por Mês” do grupo criado pelo @ohenrique__santos, em maio lemos O Gato Preto – conto publicado pela primeira vez em 19 de agosto de 1843, na Saturday Evening Post.
O enredo traz um protagonista que desenvolve durante sua vida uma proximidade e um carinho especial pelos animais. Já crescido, após se casar, ele ainda mantém consigo bichos de estimação, mas tem como seu principal mascote Plutão, um gato totalmente preto que o adora.
Tudo muda
Porém, este ser humano afável começa a mudar após algum tempo. O personagem se caracteriza como amigo da garrafa e passa a maltratar tudo e todos. O texto traz referências inclusive a violência doméstica contra a esposa. O único ser que ainda nutre algum afeto e proximidade pelo protagonista é o tal gato preto.
Contudo, as coisas não tardam a mudar. Após um episódio de bebedeira e durante um rompante de violência, o narrador (o conto é narrado em primeira pessoa) desaprova o comportamento do bichano, que assustado foge de seu mestre. Como punição, o homem apanha o gato e arranca-lhe um olho com um canivete.
É a partir daí que há uma fratura na alma desse personagem e a culpa passa a ser o sentimento predominante do narrador. Contudo, o facínora não consegue se controlar e a escalada de violência fica desenfreada. Mesmo parcialmente arrependido do que fez, ele não aprova o medo que o animal demonstra a partir do acontecido. Irritado, acaba por assassinar o felino.
Corre por dentro
A culpa jamais abandona o protagonista mesmo com ele teima em repetir a violência. Em determinada altura, ele acaba tendo a casa incendiada e considera isso uma punição pelo ato cruel. O sentimento o leva a adotar um novo felino. No entanto, com o psicológico completamente abalado pelo ato cometido, o personagem não tarda a ver no atual mascote um duplo do animal morte.
A violência volta a apresentar sua feia cara quando novamente o protagonista tenta assassinar um animal, mas acaba cometendo um ato ainda mais monstruoso. No final, aquele novo gato acaba por vingar a morte do primeiro e todos aqueles que foram vítimas do narrador.
O pulo do gato

Levando em consideração o conto do mês passado – Manuscrito Encontrado Numa Garrafa – , podemos ver que Edgar Allan Poe gosta de criar um clima de horror místico, mas ao mesmo tempo deixar que o horror real, aquele que nasce da cabeça e das atitudes do ser humano se sobressair.
De certa forma, o final do conto traz uma espécie de revanchismo realizado pelo segundo gato – que é tido, pelo menos inconscientemente pelo narrador, como um animal místico. Apesar do clima estranho e incômodo, este foi um conto muito rápido de se ler. No entanto, não meteu medo em nenhum momento.
Todavia, o mais interessante dessa história foi ver de onde vários filmes, séries e outros produtos de terror/horror tiraram ideias para elaborar seus enredos. O destino da esposa do narrador é onde mais podemos ver isso e me lembrou de “Não Fale com Estranhos”, série da Netflix.
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