A gigante americana e próximos passos no Brasil
A espera chegou ao fim. A Amazon começou na última quinta-feira (21/08) as vendas de livros físicos em sua loja online aqui no Brasil. Depois de dois anos estudando o mercado e o consumidor brasileiro com venda de livros digitais e do Kindle, a varejista americana chega com novidades que podem mudar o mercado nacional.
Em um catálogo em português de mais de 150 mil títulos impressos e e-readers, a Amazon promete entregas rápidas para todo país (em alguns casos, até um dia útil) e frete grátis para todo o Brasil acima de R$ 59,90. Além de comprar o livro por um preço abaixo do praticado em outras lojas online, o consumidor receberá um trecho digital do livro adquirido e pode ir lendo os primeiros capítulos enquanto a sua cópia física não chega (eu, particularmente, achei fantástico).
E a última novidade é o “Leia Enquanto Enviamos”, que é uma espécie de prévia digital dos livros mais vendidos do site. Inicialmente o catálogo fica em torno de 13 mil títulos e ficará disponível após a compra de um livro. Uma iniciativa interessante para divulgar o que está sendo mais consumido pelos leitores.
Realmente, algumas coisas podem mudar, ou não, com essas iniciativas da Amazon no Brasil. Agora é esperar para ver como a concorrência vai reagir, já que o leitor só tem a agradecer com esse crescimento do mercado literário.
Quem escolhe são os professores
Os educadores do ensino público brasileiro serão responsáveis pelos livros didáticos usados nas escolas em 2015. A escolha dos títulos começou dia na última sexta-feira (22/08). Diretores, professores e coordenadores pedagógicos de escolas de todo o Brasil tem até o dia 1° de Setembro para escolher os títulos no sistema eletrônico do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Serão selecionadas obras de todas as disciplinas: matemática, português, geografia, história, física, química, biologia, filosofia, sociologia, língua estrangeira (inglês e espanhol) e artes. Uma novidade interessante é em relação às coleções dos livros, que se diferenciam em duas categorias: 1° Obras multimídias, com livros digitais e impressos; e no 2° com obras impressas compostas por livros impressos e PDF.
Entre todas as obras e aprovadas pelo FNDE são recorrentes os temas como educação juvenil livre de preconceitos, discriminação e violência. As disciplinas serão trabalhadas de forma interdisciplinar, com métodos de aprendizagem voltados também para cultura e ciência.
Os professores têm direito de escolher duas obras, de duas editoras diferentes, do componente curricular, assim é possível adquirir uma opção na falta da outra. O FNDE estima comprar em torno de 90 milhões de exemplares para atender aos sete milhões de alunos do ensino médio.
A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte
Foram divulgados também na última sexta-feira (22/08) os dados do uso do Vale-Cultura (programa que gerou muita polêmica) pela Ministra da Cultura, Marta Suplicy. Os dados divulgados por Marta durante a abertura da 23° Bienal do Livro de São Paulo mostram que o Vale-Cultura com o valor de R$ 50,00 é muito utilizado para compras de livros, jornais e revistas.
De acordo com o Ministério da Cultura, já forma emitidos mais de 223 mil cartões em seis meses. A Ministra Marta insistiu em defender a imagem cultural do Brasil, com produção cultural em áreas não exploradas, como a literatura.
Um dos projetos é implementar um Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), cujo decreto já foi assinado durante a cerimônia de abertura da Bienal e prevê investir para a ampliação e reforma de bibliotecas e ações de incentivo a leitura. Atualmente, o Vale-Cultura é um benefício para trabalhadores com renda de até cinco salários mínimos.
Veja o que visitantes e autores disseram sobre a Bienal no fim de semana:
“Hoje [sábado] está bem cheio por causa da Cassandra Clare, mas também acredito que as pessoas estão cada vez mais ávidas por leituras, livros, autores e tudo mais. Isso só tende a crescer. A Bienal de São Paulo tem fama de vender um pouco menos que a do Rio de Janeiro, mas pelo que tenho visto este ano o evento está vendendo tanto quanto o do ano passado. Acho que estamos presenciando uma mudança nesse sentido”.
Danilo Leonardi (28 anos) – editor-chefe do site Cabine Literária e autor do livro “Por que Indiana, João?” – Guarulhos (SP)
“Está muito lotado, passou do limite. Não tem água. Achei só um bebedor por enquanto. A organização e as atrações estão iguais aos outros anos, porém os horários dos autógrafos ficaram meio complicados. Tive alguns problemas na fila lá fora. Cheguei umas sete horas para você ter uma ideia. Preços bons só os dos títulos antigos, porque os das obras novas e as dos autores que estão aqui hoje estão bem mais caras do que o comum”.
Roger Dias (29 anos) – São Paulo (SP)
“A organização do evento neste domingo melhorou muito em comparação com o sábado. Reparei que nem todos os livros estavam baratos, porém alguns estandes estavam com promoções. Saraiva, Rocco, Novo Conceito e Intrínseca tinham filas muito grandes e acho isso positivo porque mostra que as pessoas estão se interessando cada vez mais pela leitura”.
Victtoria Rique (15 anos), estudante – São Paulo (SP)
“É a primeira vez que eu venho em uma Bienal de Livro e estou achando muito legal. Moro em Araraquara e essa também é a primeira fez que viajo sozinha sem família ou amigos. Tive que fazer amizades no ônibus mesmo, porque nenhum de meus familiares são tão ligados em livros quanto eu. Não consegui comprar ingresso pela internet, então enfrentei uma fila de 3 horas na bilheteria. Vim mais para comprar a trilogia de “A Seleção” da Kiera Cass e também comprei o “Quem é Você, Alaska?” do John Green. Tentei ir na sessão de autógrafos da Kiera, mas nem consegui pegar a senha”.
Caterine Marques (17 anos), estudante – Araraquara (SP)
“Eu escolhi vir hoje [sábado] por ser final de semana e também para ver a palestra sobre quadrinhos e ilustração que será às 16h. Eu cheguei às 9h e estou achando aqui muito quente, mas muito legal. Tem dado para comprar muitos livros e já até montei uma biblioteca na minha mochila. Sou de São José e a diferença entre a Bienal de lá com a daqui de São Paulo é que essa aqui é bem maior, mas chega a ter livros por preços um pouco mais caros”.
Ana Luiza Catunda (14 anos), estudante – São José dos Campos (SP)
“Eu vim com o intuito de comprar livros e de ver também autores. Ontem [sexta]eu comprei a maioria dos livros. Dei sorte, pois hoje estão bem mais caros por causa dos autores que estão aqui. Por exemplo, os do Harlan Coben tiveram aumento hoje [sábado], ontem tavam mais baratos. Vim com muita vontade de ver Harlan Coben e também a Kiera Cass, mas essas atrações estavam muito desorganizadas. É a primeira vez que eu venho e só consegui pegar a senha pro Harlan Coben. Fiquei um tempinho na fila e foi complicado, pois começaram distribuindo 200 senhas e depois com reclamações nossas, conseguimos que distribuíssem mais 100, e eu consegui uma dessas. Na Kiera Cass foram só 500 senhas e eu não consegui”.
Jeniffer Amanda (16 anos), estudante – Campinas (SP)
“É a minha primeira Bienal e eu espero que seja a única. Eu até acho que tá legal, mas tá bem cheio, bem desorganizado e eu to querendo ir embora já. Eu estou ficando mais por ela [Jeniffer Amanda – Prima]. Acho que pra ela tá legal, então deve estar interessante. A gente veio ontem, hoje e vai vir amanhã [domingo]. Eu tô desesperada, pedindo socorro já. Não me interessei por nada e nenhum livro. Simplesmente não gosto, sempre sai o filme e depois eu assisto. Eu sou fã mesmo de Jorge e Mateus, então por música sertaneja eu viria cedo igual ela que me fez levantar às 6h da manhã”.
– Pretendem ficar aqui até que horas?
– Até daqui 10 minutos. [risos]
Aline Ashiley (18 anos), minha ocupação é ir em shows do Jorge e Mateus (estudante) – São Paulo (SP)
“Eu vim pra lançar meu livro novo, mas claro que como qualquer fã de leitura e de livros, eu também vim pra curtir, passear e comprar coisas. Hoje [sábado] eu não consegui sair do estande [da Giz Editorial], tá muito movimento e bem legal. Ontem [sexta]eu consegui dar uma voltinha, comprei alguns livros, quadrinhos e pude prestigiar autores amigos. Tô curtindo muito o Evento, e olha que ainda estamos no segundo dia. Já aconteceu tanta coisa que eu tô adorando!”
“Os livros são infinitos, em possibilidades, então se você não gostar de uma determinada história, vai ter outra que pode fazê-lo curtir a leitura. Acredito que seja aquela história de você ler e conhecer outros mundos, outras coisas, sem nem mesmo sair do lugar”.
Roberta Splinder (28 anos), autora do livro “A Torre Acima do Véu”