Eu indico – Releituras em audiolivro

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Harry Potter e a Pedra Filosofal

No decorrer da vida de um leitor, todos passam por aquelas dúvidas que são muito comuns. Uma delas é aquele dilema: ler algo novo ou reler aquele preferido da vida? Por muito tempo, a minha resposta também foi muito clichê – a vida é curta para ficar lendo algo que eu já li. Porém, é claro que, na estante, ao olhar para aqueles livros que traziam boas recordações, pensava: um dia eu ainda releio.

Junta-se a esse questionamento, outra dúvida bastante comum. O que é leitura? Por muito tempo também me questionei se ouvir alguém lendo para você (seja por audiobook ou uma pessoa ao vivo lendo um texto em voz alta) poderia ser considerado leitura. Lembro-me até hoje de uma mulher – amiga dos meus pais – no meio da livraria sorrindo e dizendo para mim: “veja, eles têm os clássicos do vestibular em audiolivro. Assim é muito mais rápido”. Na minha cabeça, naquele momento, pensei que aquilo não era ler.

Ocorre que, nas duas últimas semanas entrei em uma espiral de trabalho assustadora. Não tinha tempo para mais nada. O pior é que o trabalho me exigia muitas horas de foco e fazer aquele tipo de tarefa em silêncio me gerava muita ansiedade.

Tentar o óbvio

A Câmara Secreta

A opção lógica para a maioria das pessoas seria música, mas eu nunca fui muito musical (a música me agita e eu começo a cantar sem perceber e perco a concentração no que estou fazendo). “Ouvir” vídeos do YouTube seria outra saída, mas eu queria algo mais perene, que não fosse de consumo rápido, que não me exigisse, hora ou outra, a necessidade de trocar de tela e assistir ao vídeo devido aos recursos visuais e, principalmente, que não me exigisse ficar pulando anúncios.

Um podcast poderia atender a essas necessidades, mas os pods que acompanho tratam de muitos assuntos no mesmo episódio, o que conflitaria com a minha necessidade de ter algo mais perene, monotemático e que me conduzisse sem esforço por uma narrativa lógica, facilitando a minha compreensão enquanto realizava a minha atividade profissional.

Foi aí que um mundo se abriu perante os meus olhos. Deparei-me com um audiolivro de Harry Potter e a Pedra Filosofal. Reler a saga de Harry Potter era algo que vinha pairando sobre a minha mente há algum tempo. Isso graças ao terceiro filme de Animais Fantásticos lançado no último mês, ao livro Sangue Revolto (assinado pelo pseudônimo de J. K. Rowling) que venho lendo neste ano e também ao fato de que em 2022 faz dez anos que concluí a série literária pela primeira vez.

Ler pelos ouvidos

O Prisioneiro de Azkaban

O audiolivro reunia tudo o que eu precisava naquele momento: uma narrativa perene, monotemática, ritmada, tranquila e que não tiraria o meu foco do trabalho. Além disso, o fato de ser uma releitura também me deixava mais tranquilo, já que eu conhecia a história e seria menos provável me perder.

O resultado foi muito proveitoso. Consegui manter o foco nas minhas atividades e, ao mesmo tempo, acompanhar a narrativa dos livros. Em uma semana e meia reli os três primeiros volumes da série por completo (Pedra Filosofal, Câmara Secreta e Prisioneiro de Azkaban). Com isso, desmistifiquei dois impasses na vida de leitor. Reli obras que queria muito (sem “perder tempo”, pois a leitura andou muito mais rápido enquanto desempenhava outras atividades) e tive minhas primeiras experiências com livros em áudio.

Já que se tratavam de releituras, também tive a oportunidade de comparar as minhas experiências da primeira vez (com livro em papel) e da segunda (audiolivro). Gostei de ambas e ambas foram muito parecidas. O audiobook também conquistou meu interesse e me fez querer saber o que acontece. Logo, não estava mais ouvindo apenas quando estava trabalhando no computador, mas também enquanto lavava louça, escovava os dentes, deitava para dormir e até quando dirigia.

Hoje já podemos encontrar audiolivros em plataformas pagas como ao Audible (da Amazon) e o Scribd. Porém, no Brasil, este tipo de consumo de literatura ainda não é tão disseminado. Por isso, cabe a nós leitores experimentar e repassar nossas experiências para que assim o mercado cresça, o que é bom para autores, editoras e, principalmente, para os leitores com deficiência visual, que não podem ser esquecidos ou excluídos do consumo literário.

E você, já experimentou algum audiolivro? Conte como foi a sua experiência lá no nosso Instagram!

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Jornalista formado desde 2013 – o tempo voa. O primeiro livro da minha vida foi “O Menino que Aprendeu a Ver”, de Ruth Rocha, em 1999. Enquanto a minha geração se aventurava com Harry Potter, a série que me conquistou para o mundo da leitura foi Deltora Quest, de Emily Rodda. Não tenho livro favorito, pois não consigo escolher e sempre tento variar os gêneros literários de uma leitura para a outra para abranger os mais variados temas possíveis.

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