Solanin. Uma das obras mais reflexivas que li nos últimos anos. Fico feliz de ter conhecido agora. Esse mangá não é voltado para super seres ou demônios destinados a destruir o planeta. A história retrata o cotidiano e discussões filosóficas sobre nossas ações, um gênero conhecido como “slice of life”.
O mangá foi criado por Inio Asano, publicado entre 2005 e 2006 pela revista Weekly Young Sunday no Japão e posteriormente compilado em dois volumes. Asano é conhecido por criar histórias que retratam dilemas naturais da vida. Situações do dia a dia, seja sobre emprego, amigos, futuro ou perdas.
A história de Sonalin gira em torno de Meiko e seu namorado Taneda, além dos personagens coadjuvantes. Meiko saiu do interior para estudar na capital e conseguiu um emprego. Atualmente ela já se formou em línguas estrangeiras, trabalha como auxiliar de escritório e mora em um apartamento pequeno com seu namorado que também foi para a capital em busca da graduação. Hoje é ele é formado em design, trabalha como cartunista freelancer e reúne os amigos nos fins de semana para reviver os velhos tempos de banda da faculdade.
Dilemas
Esse é o histórico básico do casal principal. O verdadeiro plot começa quando Meiko passa a questionar sua atual situação. Ela banca todas as despesas da casa, cuida de Taneda, não gosta do trabalho de auxiliar e se pergunta o que será dali pra frente.
O mangá fica mais interessante por retratar jovens na casa dos 20 e poucos anos que não sabem exatamente como é viver uma vida adulta. O modo como as pessoas dificultam a realização dos nossos sonhos, a rotina medíocre que muitas pessoas vivem sem se questionar e o simples fato de não conseguirmos aproveitar o que temos em volta mesmo sendo jovens, não podemos aproveitar tudo que o mundo tem a oferecer, a sociedade não pensa assim.
Outro tema muito abordado em Sonalin é sobre realizar nossos sonhos. O que você faria para chegar aonde quer? Faz sentido abrir mão de tudo e simplesmente viver livre? O autor explora muito bem as barreiras que temos durante a vida para chegar aonde queremos. O mais interessante é que muitas dessas barreiras são outras pessoas, que por muitas vezes, não chegarem onde queriam e fazem de tudo para que o próximo também não chegue. Esse tema é muito bem explorado quando Meiko ajuda Taneda a tentar emplacar sua banda, mesmo que Taneda faça o tipo de pessoa acomodada com a vida que tem.
Conclusão
Essa obra conversa muito com o público jovem e algumas vezes com o público mais velho. O traço de Inio Asano é lindo. Ele é delicado e realista ao mesmo tempo. O autor ganha muitos pontos ao contemplar as paisagens, deixando muitos momentos mais reflexivos e contemplativos.
A narrativa é igualmente bonita. A delicadeza de alguns diálogos e situações deixa a obra leve e ao mesmo tempo cheia de contexto e mensagens. As situações em que me envolvi por ter passado pela mesma circunstancias foi muito estranho e feliz da parte do autor. Existem passagens da vida que são tão naturais que acabamos não dando tanta importância, mas em sua maioria são importantes para o que estamos nos tornando.
Recomendo a leitura de Solanin, inclusive para os que estão nesse dilema sobre o que esperar da vida. Tudo bem que esse dilema só acaba no fim da vida, mas vislumbrar o que nos espera é o verdadeiro motivador, né!
A edição da L&PM é bacana. A história é dividida em dois volumes com famoso formato pocket e impressão de boa qualidade. Confesso que um tamanho maior valorizaria mais o traço do autor, mas uma obra dessas chegar ao Brasil já está de bom tamanho.
Ficha catalográfica:
Título: Solanin
Título original: ソラニン Soranin
Autor: Inio Asano
Editora: L&PM Pocket